EXTREMISTA DE DIREITA
Bolsonaro tenta explicar dólares e ironiza fuga: "Sair do Brasil é fácil"
Inelegível agora está com tornozeleira
O ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL) tentou mais uma vez transformar um procedimento jurídico judicial em narrativa política.
Após ser alvo de operação da Polícia Federal nesta 6ª feira (18.jul.25), ele passou a tentar minimizar a gravidade das acusações que enfrenta — usando, mais uma vez, uma combinação de delírios, informações falsas e mentiras descaradas.
Com uma tornozeleira eletrônica no tornozelo e redes sociais bloqueadas por ordem judicial, Bolsonaro negou qualquer intenção de fugir do país. No entanto, ao ser questionado, soltou uma frase emblemática: "Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem".
A contradição não passou despercebida. A Procuradoria-Geral da República (PGR), que pediu as medidas cautelares ao STF, apontou uma “concreta possibilidade” de fuga. Não sem motivo: em fevereiro de 2024, Bolsonaro passou dois dias abrigado na embaixada da Hungria em Brasília, logo após ter o passaporte apreendido. Um comportamento típico de quem cogita escapar da Justiça — e não de quem confia plenamente nela.
Durante a operação desta sexta, a PF encontrou US$ 14 mil em espécie na casa do ex-presidente. Bolsonaro tentou justificar com um tom quase zombeteiro: "Poxa, eu sempre guardei dólar em casa, pô. Tem lá o recibo do Banco do Brasil".
O valor em espécie, guardado fora do sistema bancário, levanta suspeitas adicionais sobre a origem e o destino desses recursos — ainda mais no contexto de investigações por tentativa de golpe de Estado.
E as investigações seguem a todo vapor.
Na última 2ª feira (14.jul.25), a PGR pediu oficialmente a condenação de Bolsonaro por uma série de crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de bem tombado. A pena combinada pode ultrapassar 40 anos de prisão.
O documento da PGR é categórico ao responsabilizar Bolsonaro por ter “alimentado diretamente a insatisfação e o caos social” após perder as eleições para Lula em 2022.
Segundo a PGR, Bolsonaro se utilizou de mentiras reiteradas como mecanismo político com constante alegação, sem provas de que houve fraude eleitoral no contexto da sua derrota — afirmação já desmentida inúmeras vezes por órgãos oficiais, observadores internacionais e até pelo próprio Exército.
Mesmo assim, Bolsonaro voltou a se fazer de perseguido. Disse que os processos servem apenas para tirá-lo do cenário político, já que, segundo ele, “lidera as pesquisas” — outro delírio não sustentado por dados públicos.
Reclamou ainda do TSE, que em 2023 o declarou inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido da máquina pública: "O TSE pesou a mão contra mim".
O contraste entre o discurso fantasioso e a realidade jurídica não poderia ser mais gritante. As falas de Bolsonaro são construídas com base em uma mistura de paranoia, revisionismo e negação de fatos amplamente documentados. A estratégia tem funcionado com sua base mais fiel — mas tem pouco efeito no andamento dos processos.
A defesa do ex-presidente divulgou nota afirmando que recebeu com “surpresa e indignação” as medidas determinadas por Moraes. Diz ainda que Bolsonaro sempre cumpriu as ordens judiciais — apesar de sua longa ficha de confrontos com o Judiciário. "A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário. A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial".
Enquanto isso, nas redes sociais, onde Bolsonaro foi proibido de atuar, sua imagem circula em forma de piadas e memes. Para muitos internautas, a tornozeleira não é apenas uma medida judicial — é o símbolo de um ex-presidente que tentou minar a democracia e agora colhe as consequências, mesmo tentando escondê-las atrás de bravatas e mentiras repetidas.
