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DECADÊNCIA POPULISTA

Tornozeleira e medo: bolsonarismo vai minguando à imagem do seu chefe

A cena de Bolsonaro na Câmara, exibindo a tornozeleira, é mais que simbólica: retrata a morte do populismo barato que usou o patriotismo como fachada para o autoritarismo da extrema direita

O ex-presidente Jair Bolsonaro exibe tornozeleira eletrônica na Câmara dos Deputados Foto: Cristiano Mariz | O Globo

Em um espetáculo que mistura vergonha e ironia histórica, Jair Bolsonaro apareceu nesta 2ª feira (21.jul.25) na Câmara dos Deputados, não como o “mito” que tanto gritou ser, mas como um réu monitorado eletronicamente, ostentando uma tornozeleira eletrônica com a mesma empáfia com que antes desfilava faixas presidenciais. Agora, seu acessório de destaque é um símbolo do fim de uma era marcada por fake news, autoritarismo e fracassos democráticos.

Bolsonaro chamou a tornozeleira de “símbolo de humilhação”. De fato, é — mas não só para ele: é um lembrete contundente da tragédia que foi seu governo e da tentativa frustrada de dobrar a democracia brasileira. Quem um dia se autoproclamou “salvador da pátria” agora se vê reduzido a um homem temendo o poder ordem judicial que é certo que o levará para trás das grades.

Hoje, o quase presidiário Jair Bolsonaro teve uma entrevista com o portal Metrópoles, cancelada no último minuto por ordem de Alexandre de Moraes.

A exibição seria mais um show patético de um ex-presidente cada vez mais isolado e que será reeducado à respeitar a democracia por meio do Judiciário brasileiro, instituição que Bolsonaro, familiares e seus aliados golpistas tentam corroer.

Acusado de tentar um golpe de Estado, de liderar uma organização criminosa e de sabotar o próprio sistema democrático que o elegeu, Bolsonaro não é mais o protagonista que inflama multidões — é o investigado que teme um mandato de prisão. Seu grupo político, que outrora pintava faixas pedindo "intervenção militar já", agora recua, fala em "medo de prisão" e silencia diante do avanço da Justiça.

A cena de Bolsonaro na Câmara, com a tornozeleira à mostra é mais que simbólica: é o retrato da decadência de um populismo que usou o patriotismo como disfarce para o autoritarismo. Se há justiça histórica, ela começa a se desenhar com uma tornozeleira no tornozelo de quem tentou algemar a democracia brasileira.