REFORMA AGRÁRIA
Nova frente agrária se reúne com Incra/MS para tratar demandas de acampamentos
Movimentos sociais e instituto alinham ações sobre regularização fundiária, segurança alimentar e mutirões de cadastro
Representantes da recém-criada Frente Coletiva Agrária do Mato Grosso do Sul participaram, na tarde desta 4ª feira (24.jul.25), de uma reunião com o superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/MS), Paulo Roberto Silva, em Campo Grande. O encontro teve como objetivo apresentar e discutir uma série de reivindicações em defesa das famílias acampadas em diversas regiões do estado, conforme ofício protocolado pela Frente no dia 21 de julho.
O documento entregue ao Incra solicita providências emergenciais voltadas à melhoria das condições de vida dessas famílias, e reforça a necessidade de medidas estruturantes por parte do órgão federal. Entre as principais reivindicações estão a apresentação oficial e transparente das áreas com potencial para assentamento rural no estado, a efetivação da entrega de cestas básicas às famílias em situação de insegurança alimentar, e a realização de mutirões para o cadastramento e recadastramento dos acampados.
Ao comentar a reunião, o superintendente do Incra/MS, Paulo Roberto Silva, afirmou que o instituto está atento às demandas apresentadas e aberto ao diálogo com os movimentos. “Os movimentos notificaram o Incra sobre a criação dessa frente e também apresentaram uma demanda que nós registramos aqui, sobre as áreas para novos assentamentos no Mato Grosso do Sul, o processo de seleção de famílias e a possibilidade do fornecimento de cestas de alimentos para os acampados. Nós recebemos as demandas desses movimentos e vamos construindo junto a materialização dessas demandas”, destacou.
O ofício, assinado pela coordenação da Frente Coletiva Agrária, também enfatiza a importância da atuação articulada entre o Incra, os movimentos sociais e o poder público para garantir dignidade às famílias e avançar na política de reforma agrária. “Reiteramos o compromisso desta Frente com o diálogo, a construção coletiva e a defesa da reforma agrária como instrumento de justiça social e desenvolvimento sustentável”, pontua o documento.
Frente Coletiva Agrária do MS
A Frente Coletiva Agrária do Mato Grosso do Sul foi oficialmente criada em 17 de julho de 2025, durante uma reunião extraordinária realizada na sede da CUT-MS (Central Única dos Trabalhadores), em Campo Grande. A nova articulação surge a partir da decisão de desfiliação dos movimentos da antiga Frente Unitária, com críticas à condução desigual dos debates e exclusão das entidades nas decisões relacionadas à reforma agrária no estado.
A nova frente é composta pelas seguintes organizações e lideranças: CUT-MS, Novo, Fetagri-MS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de MS), Fetraf (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar), OLT (Organização de Luta pela Terra), MPL (Movimento Popular de Luta) e o vereador Landmark Rios (PT).
Durante a reunião de fundação, coordenada por José Martins da Silva, da Fetagri-MS, e secretariada por Ademilson Pereira Trindade, os representantes dos movimentos justificaram a necessidade de uma nova estrutura de articulação, alegando tratamento desigual e falta de transparência na antiga composição. A criação da Frente Coletiva Agrária foi aprovada por unanimidade entre os membros presentes.
Ao comentar o encontro com o Incra, José Martins da Silva, presidente da Fetagri-MS, destacou a importância do movimento. “De hoje em diante, a gente vai se reunir conjuntamente com todos esses movimentos e com o vereador Landmark, que foi um parceiro da formação dessa frente. Esperamos que daqui para frente a gente se una em um movimento para levar ações positivas a nossos acampados e assentados que dependem de regularização", comentou.
Conforme a ata de criação, a nova frente pretende atuar com unidade, diálogo e mobilização, visando fortalecer a luta pela reforma agrária no estado, garantir os direitos adquiridos pelos trabalhadores do campo e pressionar o poder público por políticas efetivas para os acampamentos e assentamentos rurais.
