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OPERAÇÃO CARBONO OCULTO

Em 4 anos, PCC lavou R$ 52 bilhões em combustíveis, revela operação

GAECO, PF e RF deflagram maior ação contra o crime organizado da história do País

Desde as primeiras horas desta quinta-feira (28/8), uma força-tarefa - composta por cerca de 1.400 agentes do Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), MPF, PF, entre outros.

A Operação Carbono Oculto deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de São Paulo, com apoio da Polícia Federal e Receita Federal nesta 5ª feira (28.ago.25), mira desmantelar a atuação do Primeiro Comando Capital (PCC) no setor de combustíveis.

"Trata-se da maior operação contra o crime organizado da história do País em termos de cooperação institucional e amplitude", disse a Receita em nota (a íntegra). 

A força-tarefa com 1,4 mil agentes cumpre 315 mandados em oito estados, incluindo MS, onde mira empresas em Dourados e Iguatemi – sendo 1 posto na primeira e 7 na segunda.

A estimativa é que o grupo tenha movimentado R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.

As investigações apontam adulterações, fraudes fiscais e uso de violência contra empresários do ramo.

O esquema tem ramificações em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

No estado vizinho, estão no alvo dos federais postos de combustíveis nas seguintes cidades:

Coordenada pelo Ministério Público de São Paulo, a operação conta com apoio de várias instituições, além dos federais.  Confira os alvos por cidade:

COMO FUNCIONA O ESQUEMA? 

Segundo os investigadores, o grupo é responsável por fraudes em diversas etapas da cadeia de combustíveis.

Uma das principais frentes do esquema era a importação irregular de metanol.

O produto chegava pelo Porto de Paranaguá e era desviado com documentação falsa.

O metanol, tóxico e inflamável, era usado para adulterar combustíveis vendidos ao consumidor final.

Cerca de 300 postos foram identificados com fraudes quantitativas e qualitativas nos combustíveis.

A polícia alega que os donos de postos foram ameaçados de morte após negociações com membros do grupo.

A rede criminosa usava pessoas interpostas, empresas de fachada e fundos para ocultar os lucros.

Fintechs controladas pela organização movimentavam recursos com contabilidade paralela.

Essas empresas recebiam milhões em espécie e operavam fora dos padrões regulatórios do setor.

Entre 2022 e 2023, foram registrados mais de 10,9 mil depósitos em dinheiro vivo, somando R$ 61 milhões.

Os criminosos se aproveitavam de lacunas na legislação para evitar o rastreamento dos recursos.

A Receita Federal disse que já identificou a importação de R$ 10 bilhões em combustíveis com sonegação associada.

Distribuidoras e formuladoras ligadas ao grupo recolhiam tributos abaixo do devido ou sequer pagavam impostos.

Veja como o esquema 'seguia funcionando', nos gráficos abaixo: 

SALDOS DA OPERAÇÃO

Mais de mil postos foram autuados, e os créditos tributários já somam R$ 8,67 bilhões.

Outros 140 postos, mesmo sem atividades, receberam R$ 2 bilhões em notas fiscais simuladas.

A operação também detectou a criação de fundos de investimento para lavar o dinheiro ilícito.

Ao menos 40 fundos controlados pela organização têm patrimônio de R$ 30 bilhões.

Entre os ativos estão usinas de álcool, portos, caminhões e dezenas de imóveis de alto valor.

Esses fundos ocultavam a origem dos recursos e dificultavam o rastreamento pelas autoridades.

Os responsáveis pelos fundos são investigados por possível conivência e omissão de informações fiscais.

A Justiça já determinou o bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos.

A operação segue em andamento com apoio de órgãos federais e estaduais em todo o país.

NOME DA OPERAÇÃO

O nome “Carbono Oculto” foi escolhido para traduzir de maneira metafórica a ideia de dinheiro escondido dentro da cadeia do combustível, em alusão tanto ao elemento químico presente na gasolina/diesel quanto ao ato de esconder recursos ilícitos nas instituições de pagamento e nos fundos de investimentos.