PARTIDO DOS TRABALHADORES
Ao filiar Fábio Trad, milhares de petistas gritam 'nosso governador!'
Vander é empossado à presidência e garante que sigla disputará o governo em MS
Mais de 700 militantes lotaram o auditório da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS), na manhã deste sábado (30.ago.25), em Campo Grande (MS), durante o Encontro Estadual do PT-MS. O ato marcou a posse da nova direção estadual, com o deputado federal Vander Loubet reassumindo a presidência regional do partido, e com a filiação do advogado e ex-deputado federal Fábio Trad.
“Eu sou um recém-filiado. Venho primeiro para aprender, segundo para conviver e terceiro para decidir em conjunto. Não venho falando na primeira pessoa do singular”, afirmou Trad, em coletiva antes da cerimônia.
Ele destacou o que mais o atraiu no partido. “Um militante modesto, sem cargo algum, tem a mesma voz que a liderança maior na hora da decisão. Isso me encanta, porque é uma forma de democracia direta dentro de uma agremiação partidária", apontou, sobre a forma de organização do PT.
Sobre uma possível candidatura em 2026, Trad colocou o futuro nas mãos da legenda. “Se o partido quiser que eu seja candidato para respaldar seus programas, estarei à disposição. O que for melhor para o projeto de reeleição do presidente Lula, eu me coloco como instrumento efetivo desse objetivo.”
O ex-parlamentar também lembrou de sua saída do PSD. “Observei que alguns membros estavam se encantando com o flerte antidemocrático, golpista e fascista da extrema-direita. O processo de separação se consolidou naturalmente, e agora posso dizer com orgulho que reencontrei a minha verdadeira identidade política no PT", declarou.
Durante a cerimônia de posse, ao ser anunciado ao enorme público que lotou o auditório, Fábio Trad ouviu em coro os petistas clamando: 'Nosso governador!'. Em uma clara sugestão de que desejam que o advogado dispute o Executivo Estadual em 2026.
"O PT VAI TER CANDIDATO À GOVERNADOR!"
Vander Loubet, empossado presidente do PT-MS, ressaltou o clima de mobilização. “O que estamos vendo hoje é a retomada do PT no estado. É duplamente especial: reassumo a direção e, ao mesmo tempo, recebemos a filiação de Fábio Trad, uma figura importante na defesa da democracia", anotou.
O deputado também destacou a nova postura do partido em relação ao governo estadual. “Entregamos os cargos. O governador optou por se aliar à extrema-direita, e isso não cabe a nós. O PT fará oposição programática, reconhecendo o que for positivo e questionando o que for negativo."
Sobre 2026, foi categórico: “O PT vai ter candidato a governador. Será um dos nossos melhores quadros, definido em conjunto, porque temos experiência e autoridade política para dialogar com a sociedade sul-mato-grossense", revelou.
ROMPIMENTO COM RIEDEL
Até o início deste mês de agosto, o PT-MS estava na base do governador Eduardo Riedel, com cerca de 25 nomes ocupando cargos-chave na gestão tucana, apesar da antipatia dos militantes à ideia.
A união entre os tucanos e a esquerda em MS começou em 2024, quando Riedel se aliou aos petistas para derrotar o candidato Capitão Contar — à época, apoiado pelo ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (atualmente em prisão domiciliar por obstrução judicial, no caso em que é investigado por tentativa de golpe de Estado).
Bolsonaro tornou-se alvo de medida de prisão domiciliar no início de agosto, enquanto Riedel cumpria uma agenda no continente asiático. Ao ser informado da prisão do ex-presidente, o governador publicou um manifesto contra o Supremo Tribunal Federal (STF), direcionando críticas especialmente às ações do ministro Alexandre de Moraes no processo contra Bolsonaro. Em sua rede social, escreveu: “Prisão domiciliar, com restrição de direitos fundamentais e sem julgamento concluído, são excessos judiciais que geram temerária escalada da tensão política e jurídica no país.”
Após a publicação, a relação com o PT ruiu. Críticas ferrenhas foram disparadas pelo ex-governador Zeca do PT contra Riedel e, na mesma semana, suas declarações refletiram na decisão conjunta do PT de deixar a base do governo estadual. A decisão foi motivada pela manifestação pró-Bolsonaro do governador e, na avaliação dos petistas, por representar uma tentativa de atingir a democracia — regime que Bolsonaro, segundo eles, tentou corroer ao longo dos seus quatro anos de governo, culminando na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
LIDERANÇAS PETISTAS PRESENTES
Além de Vander e Fábio, estiveram presentes na cerimônia diversos políticos em cargos eletivos pelo PT, incluindo o ex-governador e liderança-chave da sigla, Zeca do PT, atualmente deputado estadual; a deputada federal Camila Jara; os também deputados estaduais Pedro Kemp (presidente municipal do PT) e Gleice Jane; os vereadores Landmark Rios e Luiza Ribeiro. O vereador Jean Ferreira não esteve na cerimônia, mas enviou um assessor parlamentar como seu representante.
Além de legisladores, estiveram presentes diversos militantes históricos do PT-MS, lideranças de movimentos sindicais, da educação, da cultura, da cidadania e dos direitos humanos, entre outros.
