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80ª ASSEMBLEIA-GERAL DA ONU

Lula destaca legado de Papa Francisco e Mujica, condenação de Bolsonaro e solidariedade à Palestina

Presidente brasileiro foi a primeira autoridade a discursar na abertura do evento em Nova York

Foto: Reprodução/ CanalGov

O presidente Lula  (PT) abriu a 80ª Assembleia-Geral da ONU nesta 3ª.feira (23.set.25) com um discurso marcado por homenagens, defesa da democracia e críticas ao autoritarismo. Ele lembrou as mortes recentes do Papa Francisco e do ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, definidos como “personalidades excepcionais” que encarnaram valores humanistas.

“Se ainda estivessem entre nós, certamente usariam esta tribuna para lembrar que o autoritarismo, a degradação ambiental e a desigualdade não são inexoráveis”, disse Lula. Para o presidente, Francisco e Mujica representaram a luta por justiça e solidariedade no mesmo período histórico em que a ONU completa oito décadas de existência.

Na sequência, Lula fez uma defesa firme da democracia brasileira. “Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia. O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas.”

Ele também denunciou a atuação de grupos extremistas no cenário global e no Brasil. “Forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades. Cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa. Mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há quarenta anos.”

Um dos pontos mais aplaudidos do discurso foi a referência à condenação recente do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, por atentar contra o Estado democrático de direito. “Falsos patriotas arquitetam e promovem ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade. Pela primeira vez em 525 anos, um ex-chefe de Estado foi responsabilizado em um processo justo, com amplo direito de defesa. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis", disse Lula sob aplausos.

Por fim, Lula voltou-se ao conflito no Oriente Médio e fez duras críticas à violência em Gaza. “Esse massacre não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo. Em Gaza, fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente. Quero expressar minha admiração aos judeus que dentro e fora de Israel se opõem a esta punição coletiva. O povo palestino corre o risco de desaparecer. Só sobreviverá como um Estado independente, integrado à comunidade internacional. Esta é a solução defendida por mais de 150 membros da ONU, reafirmada ontem, aqui neste mesmo plenário, mas obstruída por um único veto".

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