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TIRO NOS PÉS

Bolsonarismo agride a democracia em prol da bandidagem e Brasil reage ao lado de Lula

Até Nelsinho Trad, que tenta ser o segundo voto da direita ao Senado, rejeita a PEC da bandidagem e repete manifestações de lideranças da esquerda     

Foto: Reprodução

A cada dia fica maior e mais visível no País a rejeição popular às pautas que a extrema direita, liderada pelos bolsonaristas, vem tentando enfiar goela abaixo do Congresso Nacional, da Constituição Federal e da sociedade. Duas destas pautas estão sendo contestadas vigorosamente: a Proposta de Emenda à Constituição que dá impunidade a parlamentares e presidentes de partidos, chamada PEC da Blindagem ou da Bandidagem, e a proposta de anistia ampla e irrestrita aos mandantes e praticantes da tentativa de golpe de estado, conhecido como "08 de janeiro".

Em todo o país, as pesquisas mostram que, numa relação direta, o maiúsculo "não" dos brasileiros às manobras do bolsonarismo serve de oxigênio para o crescimento do apoio popular ao governo do presidente Lula (PT), enquanto joga a extrema-direita e o conservadorismo radical num buraco de antipatia cada vez mais fundo.  O debate sobre a PEC da Blindagem atingiu 83% de menções negativas entre as opiniões postadas no ambiente digital, segundo divulgou no sábado, 20, o Instituto Quaest.

O CENÁRIO LOCAL

Em Mato Grosso do Sul, o quadro é semelhante. Mesmo tendo a maioria do eleitorado tradicionalmente com a direita, o Estado já tem um  cenário com matizes opostos a esta tradição. No domingo, 21, enquanto cerca de 4 mil pessoas festejavam a filiação do ex-governador Reinaldo Azambuja ao PL de Jair Bolsonaro - ato com as presenças do governador Eduardo Riedel (PP) e senadores Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP) -, ruas de cidades como Campo Grande, Dourados e Corumbá eram ocupadas por manifestantes protestando contra a PEC da Bandidagem e a anistia aos condenados do 08 de janeiro.

As vozes contrárias e a favor destas pautas vão revelando pouco a pouco o peso das apostas e os interesses dos jogadores à mesa política e pré-eleitoral. No ato de filiação, Azambuja foi ovacionado como primeiro voto da chapa majoritária da direita ao Senado. Mas Nelsinho Trad, que  disputará a reeleição, não teve o prazer de ouvir o seu nome citado ou sugerido como segundo voto, em discursos de lideranças expressivas do bloco, entre elas Tereza Cristina e o próprio Azambuja. Especula-se que a organização do evento tenha procurado evitar este tipo de anúncio para não fechar compromisso antes da hora.

Por coincidência, Nelsinho Trad tem posições distintas quanto às pautas de honra do bolsonarismo. Ajusta-se ao bolsonarismo defendendo a anistia geral irrestrita, a seu ver uma prerrogativa congressual: "Ela não existe só pela metade. Sempre me manifestei a favor da anistia, inclusive para o presidente Jair Bolsonaro. Este é um mecanismo de pacificação e conciliação nacional. O Brasil precisa olhar para frente, superar divisões e buscar a união entre os brasileiros. Esse é o espírito que me guia nessa posição". 

No entanto, o senador pessedista bate de frente com a estratégia bolsonarista, ao contestar a PEC da Blindagem ou da Dosimetria: "Sou contrário. A PEC da Blindagem reduz a transparência, gera desconfiança. O Senado precisa garantir respeito à Constituição e ao interesse público", define. Sua expectativa é firmar-se como segundo voto na chapa que em 2026 terá Riedel de candidato à reeleição e Azambuja na primeira opção de voto para o Senado. Além de Nelsinho, também querem esta posição o ex-deputado Capitão Contar e o deputado federal Marcos Pollon.

ENERGIA DAS RUAS

Para o advogado e ex-deputado federal Fábio Trad (PT), as manifestações de domingo deram uma mensagem de valor definitivo e bem claro: "Depois de um domingo democrático, o verdadeiro desafio começa: transformar a energia das ruas em avanços concretos. Não basta sepultar a PEC da bandidagem ou rejeitar o PL da Anistia. É preciso lutar pelo que realmente liberta: renda digna sem o peso injusto do imposto e jornadas de trabalho que respeitem a vida", disse.  

A ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), exaltou a mobilização nacional contra a PEC da Blindagem como um verdadeiro ato de pessoas de bem. E acentuou: “O grito era contra a impunidade. Que as leis penais não deem lugar à PEC da Ficha Suja, da blindagem ou da bandidagem”, afirmou. “A bandeira de domingo tinha nossas cores”, enfatizou. Ela foi ao ato na Avenida Paulista com a bandeira do Brasil estendida pela multidão.

O deputado federal Vander Loubet (PT) vê "com renovada fé e a brasilidade remoçada" o movimento nacional em defesa da democracia. "É assim, nas ruas, nas praças, nos locais de trabalho, onde estivermos, que conseguiremos guardar a nossa soberania e utilizá-la para promover a paz e a autodeterminação de todos os povos, rechaçar o fascismo", salientou. Para ele, o grande líder desta resistência é Lula, reconhecido mundialmente por seu compromisso com a paz e a justiça.