EM 2019
Avião que caiu em MS havia sido apreendido por transporte clandestino
Entre as quatro vítimas estavam um dos maiores arquitetos do mundo e dois cineastas brasileiros
A aeronave que caiu no fim da tarde de 3ª feira (23.set.25) na zona rural de Aquidauana, matando quatro pessoas, incluindo nomes de destaque internacional nas áreas de arquitetura e cinema, já havia sido apreendida em 2019 por transporte irregular de passageiros e manutenção indevida. A informação foi divulgada nesta 5ª feira (25.set.25) em nota da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado (Sejusp).
O monomotor, um Cessna Aircraft 175 fabricado em 1958, estava registrado em nome do piloto Marcelo Pereira de Barros, que também morreu no acidente. Na época da apreensão, a aeronave foi retida pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), mas acabou sendo devolvida por decisão judicial. De acordo com a Sejusp, o avião só voltou a operar neste ano.
A queda ocorreu por volta de 18h20, mais de 30 minutos após o fim do horário permitido para operação da pista, que funciona apenas com orientação visual diurna. O anoitecer na região foi registrado às 17h39, o que pode ter contribuído para a dificuldade no pouso. Testemunhas afirmaram que o piloto tentou realizar a manobra de arremetida após uma tentativa de pouso, procedimento que falhou e resultou na queda e explosão da aeronave.
A Sejusp esclareceu ainda que não há, até o momento, confirmação de que animais estivessem na pista no momento da tentativa de pouso, embora o local seja cercado por vegetação pantaneira e a presença de animais seja comum. Esse ponto, no entanto, segue sob apuração da equipe que investiga o caso.
Vítimas
A tragédia vitimou quatro pessoas:
Marcelo Pereira de Barros, piloto e proprietário da aeronave, de São Paulo;
Kongjian Yu, arquiteto chinês renomado mundialmente, referência em urbanismo sustentável e design ecológico;
Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, cineasta brasileiro, com ampla atuação em documentários;
Rubens Crispim Jr., também diretor e documentarista.
Os passageiros haviam participado de atividades em propriedades da região, incluindo a Fazenda Barra Mansa, que emitiu nota lamentando o ocorrido e esclarecendo que o voo era particular, sem qualquer vínculo com os serviços turísticos prestados pela fazenda ou hotel local.
Investigações em andamento
Equipes do Dracco, sob comando da delegada Ana Cláudia Medina, estão no local do acidente desde o início das buscas, realizando coleta de provas, oitiva de testemunhas e exames periciais. Também participam da apuração técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável pela análise técnica de acidentes aéreos no país.
A área onde o avião caiu, uma região de difícil acesso no Pantanal sul-mato-grossense, foi isolada pelo Corpo de Bombeiros logo após a explosão. Os corpos das vítimas foram resgatados e encaminhados para perícia. O trabalho investigativo deve seguir nos próximos dias para esclarecer as causas exatas da queda, além de confirmar se houve negligência no uso da aeronave ou na operação da pista de pouso.
