Gleice Jane e Vander Loubet pedem a Camilo Santana criação de Instituto Federal em aldeia indígena
O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), esteve em Dourados na manhã desta 3ª feira (30.set.25) para participar da solenidade de inauguração da nova sede da Reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). A cerimônia aconteceu às 10h30 no Campus Unidade II, localizado na Rodovia Dourados–Itahum (Km 12), e marca um momento simbólico para a instituição, que celebra 20 anos de criação em 2025.
Durante o evento, o ministro recebeu das mãos da deputada estadual Gleice Jane (PT) e do deputado federal Vander Loubet (PT) uma proposta formal para a criação de uma unidade do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) dentro da Reserva Indígena de Dourados – considerada a maior reserva indígena em zona urbana do país.
A proposta justifica a criação da unidade com base em critérios sociais, demográficos e educacionais. A reserva abriga mais de 24 mil indígenas das etnias Guarani Kaiowá, Guarani Ñandeva e Terena, distribuídos em cerca de 5.991 domicílios. O texto entregue ao ministro ressalta que a área, com aproximadamente 3.500 hectares, foi originalmente planejada para receber até 500 famílias.
“Com uma densidade demográfica de sete habitantes por hectare, não há como negar a situação de explosão demográfica no interior dessa Reserva, fato esse que lhe confere um verdadeiro regime de confinamento humano – causa precípua das condições de vulnerabilidade de parte substantiva de seus habitantes”, diz o documento.
Segundo os parlamentares, a construção de uma unidade do IFMS na reserva é uma demanda histórica da comunidade indígena e representa um passo decisivo para garantir o direito à educação profissional, científica e tecnológica com respeito às especificidades culturais.
“Trata-se de uma reivindicação legítima e urgente, que visa ampliar o acesso da juventude indígena à educação técnica de qualidade, contribuindo para a superação das desigualdades sociais e educacionais que afetam a população originária de Dourados”, afirmam Gleice Jane e Vander Loubet na justificativa da proposta.
“Trata-se de uma reivindicação legítima e urgente, que visa ampliar o acesso da juventude indígena à educação técnica de qualidade, contribuindo para a superação das desigualdades sociais e educacionais que afetam a população originária de Dourados”
O texto ainda menciona que, apesar de Dourados já contar com uma unidade do Instituto Federal, o porte populacional e a condição de cidade-polo regional tornam necessário o reforço da oferta educacional técnica, especialmente para populações vulnerabilizadas.
“A juventude indígena depende diretamente da cidade em busca de postos de trabalho e de um patamar mínimo de dignidade e cidadania. Todavia, neste mundo pós-moderno, só tem crescido a necessidade de qualificar a nossa juventude, tanto para o empreendedorismo próprio quanto para a ocupação de postos de trabalho, num mercado cada vez mais exigente e competitivo”, destaca o documento.
“A juventude indígena depende diretamente da cidade em busca de postos de trabalho e de um patamar mínimo de dignidade e cidadania.”
Além disso, a proposta está fundamentada em legislações nacionais e tratados internacionais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Plano Nacional de Educação e a Convenção nº 169 da OIT, que asseguram o direito dos povos indígenas à educação diferenciada, inclusiva e de qualidade, com respeito às suas identidades culturais.
Os parlamentares reforçaram, ainda, que o projeto dialoga com a missão institucional dos Institutos Federais:
“A presença de um IFMS dentro da Reserva Indígena de Dourados será um marco para a inclusão social, o fortalecimento das culturas originárias e a formação cidadã da juventude indígena, com acesso real à profissionalização.”
“IFMS dentro da Reserva Indígena de Dourados será um marco para a inclusão social, o fortalecimento das culturas originárias e a formação cidadã da juventude indígena, com acesso real à profissionalização.”
O ministro Camilo Santana ouviu atentamente a apresentação e se comprometeu a encaminhar a proposta à equipe técnica do MEC, sinalizando que a ampliação de unidades dos Institutos Federais nas regiões mais vulneráveis é uma prioridade do governo federal.
UFGD completa 20 anos em 2025
A UFGD, criada em 2005, é hoje considerada uma das universidades federais que mais cresceu no interior do país. A nova reitoria entregue nesta terça-feira representa um marco na consolidação da infraestrutura da instituição, que tem papel estratégico no desenvolvimento educacional, científico e social de Mato Grosso do Sul.
A solenidade contou com autoridades locais, gestores da universidade, representantes de movimentos sociais e membros da comunidade acadêmica, que celebraram os avanços da UFGD ao longo das duas últimas décadas.
