ÁGUAS TURVAS
Operação prende secretário e desmonta esquema de corrupção em Bonito
Investigações apontam desvio de mais de R$ 4,3 milhões
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) e com apoio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou na manhã desta 3ª feira (7.out.25) a Operação “Águas Turvas”, que investiga um esquema de corrupção e fraude em licitações na Prefeitura de Bonito.
Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nos municípios de Bonito, Campo Grande, Terenos e Curitiba (PR). Entre os alvos estão o secretário municipal de Finanças, Edilberto Cruz, e servidores ligados aos setores de Contratos e Licitações da administração do prefeito Josmail Rodrigues (PL).
De acordo com o MPMS, a investigação apura crimes de organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro. O esquema teria sido montado em 2021 e operava por meio da simulação de concorrência e manipulação de editais, com exigências técnicas direcionadas para beneficiar empresas ligadas ao grupo criminoso.
O valor dos contratos investigados ultrapassa R$ 4,3 milhões. Segundo o órgão, empresários e agentes públicos atuavam em conluio: enquanto os servidores repassavam informações privilegiadas e organizavam as fraudes, as empresas envolvidas garantiam o sucesso dos certames e pagavam propina em troca.
O nome da operação faz referência simbólica à cidade de Bonito, reconhecida por suas águas cristalinas, mas agora “turvadas pela corrupção”, conforme explicou o MPMS. “Águas Turvas” alude à perda de transparência e à ação de grupos que mancharam a lisura da administração pública local, destacou o órgão em nota.
A operação é coordenada pela 1ª Promotoria de Justiça de Bonito, com apoio operacional do Gaeco, e segue em andamento. Os presos foram levados para Campo Grande, onde permanecem à disposição da Justiça.
O MPMS informou ainda que novas fases da investigação não estão descartadas, diante da possibilidade de ampliação do número de envolvidos e da identificação de outros contratos suspeitos.
