OPERAÇÃO ÁGUAS TURVAS
Esposa de pastor e vereador bolsonarista é presa por corrupção em Bonito
O marido, parlamentar na cidade, a homenageou pelo trabalho na prefeitura da cidade
Luciane Cíntia Pazette, responsável pelo setor de licitações da Prefeitura de Bonito, foi presa na 3ª feira (7.out.25).
Ela é uma das alvos da Operação Águas Turvas, deflagrada pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), do Ministério Público.
Luciane é esposa do pastor e vereador bolsonarista Pedro Aparecido Rosário, Pedrinho da Marambaia (PP), que a homenageou com uma moção de congratulação há menos de duas semanas.
A homenagem foi entregue em sessão da Câmara Municipal no dia 29 de setembro.
Na ocasião, o vereador exaltou a atuação da esposa no setor de licitações da prefeitura.
No texto da moção, classificou o setor como “o coração pulsante da administração pública”.
Destacou ainda a “legalidade, transparência e eficiência” como marcas do trabalho da servidora.
Luciane também foi apontada como exemplo de profissionalismo, dedicação e rigor técnico.
A mesma servidora agora é suspeita de integrar um esquema de corrupção e fraude em contratos públicos.
Ela foi presa ao lado do secretário de Finanças de Bonito, Edilberto Cruz Gonçalves.
Também foi detido Carlos Henrique Sanches Corrêa, empresário e arquiteto envolvido nas investigações.
Um quarto suspeito teve a prisão decretada, mas ainda não foi localizado.
A operação cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão.
As diligências ocorreram em Bonito, Campo Grande, Terenos e Curitiba (PR).
COMO O GRUPO CRIMINOSO AGIA
Segundo o Ministério Público Estadual, o grupo operava desde 2021, fraudando licitações em série.
A investigação aponta a existência de uma organização criminosa atuando em obras e serviços de engenharia.
O esquema previa simulação de concorrência e exigências feitas sob medida para beneficiar empresas do grupo.
Agentes públicos e empresários agiam em conjunto, segundo o MP, trocando favores por vantagens indevidas.
Informações privilegiadas eram repassadas para facilitar o direcionamento das licitações.
Até o momento, os contratos sob suspeita somam R$ 4.397.966,86, conforme apontado na apuração.
A operação foi batizada de “Águas Turvas” em referência à perda de transparência nos atos administrativos.
O nome contrasta com a imagem de Bonito, reconhecida internacionalmente por suas águas cristalinas.
A prefeitura de Bonito foi procurada, mas informou que o prefeito Josmail Rodrigues não vai comentar por enquanto.
O gestor foi contatado diretamente, mas preferiu não se pronunciar sobre as prisões em sua equipe.
O MP confirmou que a investigação segue em curso e novas medidas não estão descartadas.
