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MEIO AMBIENTE

Sonia Guajajara propõe demarcação de terras como arma contra crise climática

Ministra defende que territórios tradicionais sejam reconhecidos como política ambiental na COP 30

Reprodução

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, defendeu a ampliação da demarcação de terras indígenas como medida essencial no enfrentamento da crise climática. A declaração foi feita durante participação no programa Estúdio COP 30, transmitido pelo Canal Gov.

Durante a entrevista, Guajajara destacou que os povos originários pretendem incluir os territórios indígenas nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países a partir de 2026. As NDCs representam os compromissos nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa.

“A gente vê muito a comunidade internacional apoiando essa pauta da demarcação das terras indígenas, entendendo que é sim uma das medidas eficazes para enfrentar a crise climática”, disse a ministra.

Ela reconheceu os desafios no avanço das demarcações, mas reforçou a necessidade de reconhecimento dos territórios indígenas como política climática.

“Nós estamos trabalhando junto ao Ministério do Meio Ambiente e das Relações Exteriores para que a demarcação de terras indígenas entre ainda nesta COP como um anexo do documento oficial, e no próximo ano entre já com esse reconhecimento de ser uma política climática.”

Guajajara também citou ações realizadas no Brasil desde 2023, como a criação do Ministério dos Povos Indígenas, a homologação de 16 terras e a realização de oito desintrusões.

“Ainda no final do ano passado a gente conseguiu superar os 10 anos anteriores em demarcação das terras indígenas. [...] Nós temos um lugar à mesa agora, então isso faz muita diferença”, afirmou.

Participação indígena será histórica na COP 30

A ministra anunciou que a COP 30 terá a maior participação indígena já registrada nas conferências climáticas. Um espaço especial será instalado na Universidade Federal do Pará (UFPA) para receber indígenas de todo o país e do mundo, com alojamento e atividades culturais e políticas. A expectativa é reunir 3 mil indígenas na chamada "Aldeia COP".

Na Zona Azul da conferência, onde ocorrem as negociações oficiais, a delegação brasileira contará com 360 representantes indígenas. No total, são esperados mil indígenas de diversas partes do mundo.

“Se as pessoas já estão diretamente impactadas com as mudanças climáticas, é justo que as pessoas possam participar, inclusive para trazer as contribuições e participando daquilo que lhes afeta diretamente”, explicou Sonia.

Ela ainda destacou o papel dos territórios indígenas na preservação ambiental.

“Os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas contribuem já naturalmente com o modo de vida que exercem junto à natureza.”

“É muito mais fácil você valorizar, proteger os modos de vida, o conhecimento ancestral, a bioeconomia que é gerada por esses povos, do que simplesmente você chegar e destruir tudo”, concluiu.