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TRANSPARÊNCIA

98% dos membros do MPs do Brasil recebem acima do teto, aponta pesquisa

O MP de Mato Grosso do Sul ficou de fora da análise por ocultar nomes e matrículas em seus contracheques desde 2023

Ministério Público de Mato Grosso do Sul é chefiado pelo Procurador-Geral de Justiça Romão Ávila Milhan Junior. Foto: MPMS

Um levantamento da Transparência Brasil (a íntegra) revelou que 98% dos membros do Ministério Público ultrapassaram o teto salarial do funcionalismo público em 2024.

O valor máximo permitido, de R$ 44 mil mensais, equivale ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Segundo a entidade, apenas promotores recém-empossados ficaram abaixo desse limite no último ano.

O levantamento inclui dados de praticamente todos os MPs do país, com exceção de alguns considerados pouco transparentes.

O MP de Mato Grosso do Sul ficou de fora da análise por ocultar nomes e matrículas em seus contracheques desde 2023.

A prática fere a Resolução nº 89/2012 do CNMP, que determina a identificação completa dos membros nos portais de transparência.

Apesar da omissão, dados anteriores do MPMS indicam salários líquidos médios de R$ 61,7 mil por mês em outubro de 2023.

Naquele mês, os 219 promotores e procuradores do Estado tinham salário-base de R$ 35,5 mil.

Contudo, o valor final foi impulsionado por benefícios, auxílios e gratificações, que ultrapassaram os R$ 38 mil.

Os descontos somaram, em média, R$ 12,2 mil — resultando nos ganhos líquidos divulgados.

Desde então, não há novas informações individualizadas sobre os vencimentos no MPMS.

Mesmo assim, a reportagem identificou rendimentos superiores a R$ 170 mil no portal do órgão, ainda que sem nomeação dos servidores.

Um dos casos mostra salário bruto de R$ 176,7 mil recebido por um procurador lotado no gabinete do Procurador-Geral de Justiça.

A remuneração inclui gratificações por tempo de serviço, abono de permanência e verbas indenizatórias.

Há ainda um valor de R$ 101,6 mil classificado apenas como "outras remunerações temporárias ou retroativas".

No total, 169 membros do MPMS ultrapassaram R$ 100 mil em rendimentos brutos apenas naquele mês.

A Transparência Brasil criticou a ocultação dos dados, chamando a medida de retrocesso.

De acordo com a entidade, apenas os MPs de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina escondem matrícula e nome de seus membros.

A ausência de identificação inviabiliza o acompanhamento individual das remunerações.

A entidade afirma ter denunciado a prática ao CNMP, mas não obteve resposta efetiva.

Para o próprio chefe do MPMS, Romão Ávila Milhan Júnior, a medida visa proteger dados pessoais dos servidores.

Ele argumentou que a divulgação dos nomes violaria o direito à privacidade.

A Transparência Brasil, por outro lado, considera que a medida enfraquece os mecanismos de controle social.

Até o momento, o MPMS não respondeu às tentativas de contato da reportagem.

O espaço segue aberto para manifestação oficial do órgão.