'OPERAÇÃO CONTENÇÃO'
Alexandre de Moraes enquadra Cláudio Castro, autor da chacina no RJ
Ministro do STF marcou audiência para governador explicar massacre realizados pelas forças de segurança carioca
Enquanto o governador Cláudio Castro classificava como "um sucesso" a "Operação Contenção", que deixou um rastro de 132 mortos no Rio de Janeiro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), interveio nesta 4ª feira (29.out.25) para frear a barbárie. Moraes, agindo de forma enérgica, determinou que o governador preste esclarecimentos detalhados e marcou uma audiência na capital fluminense já para o próximo dia 3 de novembro.
A operação, conduzida pelas polícias civil e militar nos complexos do Alemão e da Penha, tinha como objetivo oficial cumprir 180 mandados de busca e 100 de prisão. O resultado, no entanto, foi um banho de sangue. O balanço oficial divulgado nesta quarta aponta 119 mortos, o não oficial, 132. Entre eles, estão quatro policiais e 58 pessoas mortas em supostos confrontos na terça. O horror foi ampliado com a descoberta de "dezenas" de outros corpos retirados de uma área de mata no Complexo da Penha hoje.
A frieza do governador ao classificar a ação como bem-sucedida ignora os relatos de quem esteve no local. Defensores de direitos humanos e movimentos de favelas não hesitam em classificar a operação como "chacina" e "massacre". Moradores e familiares das vítimas, que levaram corpos para a Praça São Lucas, denunciam que os mortos apresentavam sinais claros de execução, como tiros na cabeça e até mutilações.
Atuando no âmbito da ADPF das Favelas, que há anos tenta, sem sucesso, frear a letalidade policial no Rio, Moraes não pediu, ele determinou. O ministro exige que Castro responda a 18 questionamentos precisos.
O governador terá que justificar formalmente o grau de força utilizado, detalhar os armamentos e provar a adoção de medidas para garantir a responsabilização por abusos, como o uso de câmeras corporais.
Moraes também cobrou Castro sobre a preservação da cena do crime para a perícia, a presença de ambulâncias e a comunicação imediata ao Ministério Público. A longa lista de exigências do ministro funciona como um verdadeiro manual de civilidade e respeito à lei, expondo o abismo entre o que determina a Constituição e o que o governador do Rio de Janeiro insiste em chamar de "sucesso".
