QUESTÃO FECHADA
Lula, Fábio e Vander: Consenso empolga PT-MS, que mantém portas abertas para Simone
Em Mato Grosso do Sul, o Partido dos Trabalhadores (PT-MS) já tem o aval entusiasmado do presidente Lula para sacramentar as candidaturas de Fábio Trad ao Governo e Vander Loubet ao Senado. Tanto o advogado e ex-deputado federal como o atual congressista contam com o consenso e a unidade da militância partidária para levar adiante este projeto eleitoral, que tem seu ponto de referência na campanha pela reeleição do presidente Lula.
A solução petista conta ainda com os partidos da Federação Brasil da Esperança (PCdoB e PV), que pode ser ampliada com outras legendas, como o PDT, o PSB e o MDB. Estas três forças possuem identidades ou tendências claras de expressivas lideranças suscetíveis à opção de ficar nas trincheiras de oposição à direita e ao bolsonarismo.
Apesar de pensamentos divididos internamente, o PDT respira as influências do grupo do vereador Marquinhos Trad. Ex-prefeito, irmão de Fábio, foi o vereador mais votado e tem portas abertas para, se quiser, disputar novamente a prefeitura de Campo Grande em 2028. Opositor da prefeita Adriane Lopes (PP), uma das expressões locais do bolsonarismo, Marquinhos já acenou com seu apoio à candidatura do irmão.
AS OPÇÕES
O PSB tem como principal interlocutor o deputado estadual e ex-prefeito corumbaense Paulo Duarte, que já foi petista no início de sua trajetória política e comandou as secretarias estaduais de Fazenda e Casa Civil nos dois governos de Zeca do PT. O PSB aliou-se ao governo de Eduardo Riedel (PP) e trabalhou para reeleger Adriane Lopes. Enfileirou-se entre os direitistas, algo que pode não ser definitivo, já que a direção nacional está em rumo oposto.
Já o MDB oferece ao PT um fator considerado peça fundamental e estratégica para 2026 — é a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Nome que cresceu politicamente em âmbito nacional por sua atuação no ministério e pela presença firme na linha de frente lulista, ela está entre as principais opções para vice do presidente e até mesmo na cabeça das alternativas para disputar o Senado por São Paulo, com ótima performance nas pesquisas de intenção de voto.
No plano doméstico, e após os desgastes acumulados que feriram o MDB e o ex-governador André Puccinelli, a ministra é a guia central do emedebismo sul-mato-grossense. Assumiu esta condição, que um dia já foi do ex-governador. Seu protagonismo é reconhecido por outras forças, entre as quais o próprio Eduardo Riedel.
DESAFIO INTERNO
No entanto, para firmar-se na planície das probabilidades eleitorais e políticas Simone ainda precisa se resolver no âmbito interno do MDB. Há um marco incômodo em seu histórico partidário, cravado em 2018. Naquele ano, pressionado por denúncias que respingavam no partido, Puccinelli retirou sua candidatura ao governo e a entregou a Simone.
Entretanto, poucas semanas após iniciar a campanha, ela também sucumbiu à desgastante conjuntura de um MDB enfraquecido e repetiu Puccinelli, devolvendo sua candidatura ao partido, que transferiu para o deputado estadual Júnior Mochi a dura responsabilidade — o emedebismo estava na lona.
Esta semana a ministra enfatizou que seu desejo é permanecer em Mato Grosso do Sul e se o cenário estiver à disposição será candidata. O que ela já tem como questão fechada é apoiar a reeleição de Lula, a quem afiançou presença permanente e na campanha, esteja ou não concorrendo a cargo eletivo. Seu marido, Eduardo Rocha, tem caminho diferente. Ex-chefe da Casa Civil de Riedel (exonerado no último 27 de outubro), disputará uma vaga de deputado estadual e subirá ao palanque onde estiver o governador, que é bolsonarista e vai dar apoio a um postulante presidencial de direita e anti-Lula.
Para o PT o "fator Simone Tebet" tem elevada significação política e as conversas com ela continuam, num ambiente favorável. Ela mesma reconhece a força e a dimensão político-eleitoral de Vander Loubet e não se incomodaria de ser o chamado "segundo voto" da chapa da Federação. Todavia, além dos ajustes que necessita fazer na composição interna do seu MDB, ela ocupa um espaço político de nível nacional - e isto se deve ao fato de estar visualizada como opção para vice de Lula.
Fazem diferença também, neste momento, os números que retratam um bom desempenho nas intenções de voto para Lula e nas avaliações de governo. O efeito multiplicador se verifica nos estados brasileiros, com pré-candidaturas do PT e partidos aliados avançando nas consultas pré-eleitorais.
As amostragens positivas, resultantes da política econômica e do posicionamento presidencial em relação às chantagens do governo de Donald Trump, podem ganhar novos elementos, com as revelações que estão surgindo na CPMI do INSS e nos tribunais (STF e TSE) com os julgamentos de expoentes direitistas, entre eles o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, ambos do PL.
