SUTENTAM CASA E SONHOS
Mulheres lideram a luta por moradia nas favelas de Campo Grande
Audiência pública no dia 14 discute regularização das favels
Em Campo Grande, a luta pelo direito de morar com dignidade tem voz e rosto de mulher. De acordo com levantamento da Associação das Mulheres de Favelas de Mato Grosso do Sul, mais de 90% das famílias que vivem nas 62 ocupações urbanas da Capital são chefiadas por mulheres, muitas delas mães solo, que sustentam os filhos com o próprio esforço e enfrentam a falta de água, luz, saneamento e segurança jurídica sem perder a esperança.
Nas comunidades, são elas que organizam, acolhem e resistem. Foi o que se viu nas visitas do vereador Landmark Rios (PT) e da deputada federal Camila Jara (PT) às comunidades Nova Esperança e Vitória, na região do Jardim Centro-Oeste, e Esperança, no Jardim Noroeste, realizadas na última sexta-feira (7) e sábado (8).
Os encontros serviram para ouvir as lideranças locais e reforçar o convite para a Audiência Pública das Favelas, que acontece na próxima quinta-feira, dia 14 de novembro, às 8h, na Câmara Municipal de Campo Grande.
Claudineia da Costa, conhecida como Néia, liderança da Comunidade Esperança, no Jardim Noroeste, destacou a importância de dar voz às mulheres. “Tem bastante mulher que é chefe de família, que sustenta a casa e trabalha para manter os filhos. Regularização seria uma melhoria, um conforto pra gente dar pros nossos filhos morarem.”
Ana Flávia, mais conhecida como Bibi, liderança também da Comunidade Esperança, sonha com um lar seguro. “Aqui nós somos 140 famílias cadastradas, fora as que chegaram por causa da pandemia. Eu já moro aqui há nove anos. A nossa maior dificuldade é quando vem chuva e fogo, porque o fogo se espalha rápido e a água é gambiarra, então não sai forte pra apagar. Quando chove, muitas casas têm telhas quebradas, a gente cobre com lona, mas a lona rasga e vira sofrimento de novo. Regularização aqui pra todos nós é um sonho imenso.”
Sílvia Ricaldes, liderança das comunidades Nova Esperança e Vitória, no Jardim Centro-Oeste, ressaltou a importância da audiência. “Essa audiência do dia 14 vai ser muito importante para todas as favelas e comunidades aqui de Campo Grande, pra poder legalizar tudo, tanto água como luz e abrir as ruas pra ter coleta de lixo. Isso vai ser muito importante pra nós.”
Para o vereador Landmark Rios, o protagonismo das mulheres nas comunidades mostra a força e a urgência da pauta. “São as mulheres que seguram as famílias, que organizam as lutas e que mantêm viva a esperança de dias melhores. A audiência do dia 14 é pra garantir que essa voz seja ouvida e transformada em ação. Morar com dignidade é um direito, não um favor”, afirmou o parlamentar.
A deputada federal Camila Jara também destacou o papel das mulheres na luta por moradia e lembrou que a audiência será um passo importante para discutir soluções junto ao poder público.
“É preciso sonhar sempre! A gente sonha, a gente realiza. Sábado foi pra ouvir os sonhos e os anseios da Comunidade Noroeste e ajudar a construir. Aqui, com a maior parte das moradias chefiadas por mulheres, estamos unindo forças por moradia digna, regularizada, com direito de propriedade reconhecido. É a premissa do Minha Casa, Minha Vida, que o governo Lula retomou com a previsão de mais de 2.500 moradias para atender justamente quem mais precisa. Mas, por ineficiência do Executivo Municipal, a situação dessas famílias apenas piora. Ao lado do vereador Landmark, vamos discutir esses problemas e pautar soluções na audiência pública das favelas.”
A Audiência Pública de “Regularização das Favelas” vai reunir representantes do município, do Estado, da União, movimentos sociais e lideranças comunitárias. O evento, proposto pelo vereador Landmark Rios em parceria com a deputada estadual Gleice Jane (PT) e com apoio da bancada federal do PT, será um marco na luta por reconhecimento, cidadania e moradia digna para milhares de famílias campo-grandenses.
