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JUSTIÇA!

Bolsonaro confessa que tentou violar tornozeleira e expõe fraqueza política

'Meti um ferro quente aí', diz ele em vídeo

Reprodução/PF

A confissão de Jair Bolsonaro (PL) de que utilizou um ferro de solda para tentar abrir sua tornozeleira eletrônica adiciona mais um capítulo — no mínimo constrangedor — ao enredo político de um ex-mandatário inelegível que transformou a própria decadência pública em transmissão contínua.

Como mostramos ao longo do dia no MS Notícias, o episódio motivou a decretação de sua prisão preventiva neste sábado (22.nov.2025), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, após relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal apontar “sinais claros e importantes de avaria” no equipamento.

O alerta de violação foi registrado às 00h07. Minutos depois, equipes de monitoramento se dirigiram à residência de Bolsonaro, onde constataram marcas de queimadura ao redor do case da tornozeleira — uma tentativa artesanal e imprudente de burlar a fiscalização judicial.

“METI UM FERRO QUENTE AÍ”

A Seape anexou ao relatório um vídeo que revela a manobra de tentativa de rompimento do equipamento. Em cena, uma servidora pergunta:

— “O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?”

Bolsonaro responde:

— “Meti um ferro quente aí.”

Ao ser indagado se o instrumento era um ferro de passar roupas, ele corrige:

— “Não, ferro de soldar, de solda.”

O ex-mandatário, agora presidiário, afirmou ainda que começou a manipular o equipamento “no final da tarde”. Apesar da violação do case, a pulseira permaneçeu intacta. Assista:

 
 
 
 
 
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INDÍCIO DE FUGA

Para Moraes, a tentativa de violação não foi um ato isolado. Em sua decisão, o ministro destacou que o dano à tornozeleira, somado à vigília convocada por Flávio Bolsonaro na véspera — sob pretexto de “orações pela saúde do pai” —, configurava risco real de fuga. O protesto, segundo a decisão, poderia gerar tumulto suficiente para servir ao ex-presidente como cortina de fumaça.

Assim, às vésperas do trânsito em julgado de sua condenação a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro acabou conduzido à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde permanece detido até a audiência de custódia marcada para domingo (23.nov).

EXTREMA DIREITA SE MOSTRA FRACA E BURRA

O episódio, lança luz sobre algo além dos aspectos jurídicos: a precariedade da estratégia política do grupo que ainda orbita Jair Bolsonaro. Uma ala da extrema direita que se apresenta como guardiã da ordem e da força institucional se vê, agora, simbolicamente reduzida a uma tornozeleira chamuscada por um ferro de solda — um símbolo involuntário da contradição entre o discurso grandioso e a prática desordenada.

PRÓXIMOS PASSOS

A defesa do ex-mandatário presidiário recebeu prazo de 24 horas para explicar a tentativa de violação. Depois, a Procuradoria-Geral da República terá o mesmo tempo para se manifestar. Enquanto isso, o vídeo e o relatório da Seape se tornam peças centrais na avaliação do STF sobre a conduta de Jair Bolsonaro.

A cena do ferro de solda — tão absurda quanto emblemática — pode vir a marcar não apenas o momento da prisão preventiva, mas também o diagnóstico final de um ciclo político que, mesmo após deixar o poder, continua gerando crises produzidas pelo próprio protagonista.