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CORRIDA ELEITORAL

Isolada no MDB e sem o PT, Simone Tebet repensa eleições 2026

Eduardo Rocha e Simone Tebet (Foto: Arquivo Pessoal).

Além da gratidão e dos laços afetivos, o presidente Lula focaliza a ministra Simone Tebet (MDB) com um olhar que retrata sua importância estratégica para o governo federal e os interesses políticos do mandatário petista. Entretanto, à medida que o ano eleitoral se aproxima, com o fim do terceiro mandato lulista e as eleições gerais, chega a hora de partidos e filiados decidirem quais os caminhos que devem ou precisam seguir em relação às urnas e aos seus projetos.

Para fazer sua escolha, a situação da ministra do Planejamento não é das mais confortáveis. Ela está numa encruzilhada curiosa com sua pré-candidatura ao Senado. De um lado, acaricia pesquisas que a colocam em ótima posição nas intenções de voto dos eleitores paulistas; mas, de outro lado, em Mato Grosso do Sul, tem sobre si a pressão de um conjunto de fatores, que vão dos desgastes (dela e do MDB) na sucessão estadual de 2018 aos desencontros com o PT por causa da disputa sucessória local.

Simone tem seu domicílio eleitoral em Mato Grosso do Sul, que a elegeu prefeita de Três Lagoas duas vezes, antes de se tornar deputada estadual, vice-governadora e senadora, sempre pelo PMDB/MDB. Nesta trajetória, foi impulsionada em parte pelos próprios méritos e, por outra parte, pelo fortíssimo apelo do sobrenome paterno — Ramez Tebet foi um dos líderes políticos mais ilustres e vitoriosos da história estadual.

Antes da disputa presidencial de 2022, que lhe abriu as portas para a grande projeção nacional, Simone cometeu o deslize que a enfraqueceu eleitoralmente. Em 2018, com a prisão de André Puccinelli, aceitou substituí-lo como candidata emedebista ao governo. Mas sua campanha durou só 15 dias. Ela decidiu abandonar, alegando questões familiares. No entanto, os tradicionais eleitores do MDB carimbaram seu gesto como uma traição, sendo esta, talvez, a marca mais danosa política e eleitoralmente de seu currículo na vida pública.

Foram as eleições presidenciais de 2022 que reabilitaram Simone. Num acirrado tira-teima, Lula e Jair Bolsonaro (PL) foram ao segundo turno. Simone, a terceira colocada, surpreendeu o País ao anunciar apoio ao petista, com a autoridade dos mais de 5 milhões de votos que havia recebido. Esta chave lhe abriu as portas para o governo Lula, com um ministério e o resgate da projeção nacional que havia saboreado como senadora.

COMPLICADORES

Nestes quase três anos de governo, ela é uma das defensoras mais empenhadas do governo e da reeleição de Lula, além de estar entre os melhores avaliados do primeiro escalão do Planalto. Isto, entretanto, não a habilita para a disputa regional. O marido de Simone, Eduardo Rocha (MDB), é pré-candidato a deputado estadual e vai fazer campanha pela reeleição do governador Eduardo Riedel (PP), apoiando também o ex-governador Reinaldo Azambuja, que concorrerá ao Senado.

Ambos, Riedel e Azambuja, de direita e bolsonaristas, vão pedir votos para o candidato indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Se Simone for candidata a senadora neste contexto, ficará desajeitada para fazer campanha por Lula e não terá uma gota sequer de apoio do PT e dos partidos aliados, que já se definiram pela candidatura do deputado federal petista Vander Loubet.

Outro complicador para Simone: com seu esposo no palanque de Riedel, terá de conciliar sua presença numa campanha em que os petistas devem ter candidato próprio e de oposição ao governador. O pedregoso terreno local oferece para a ministra um MDB em outra sintonia, fechado com Riedel e Azambuja e sem vontade alguma de acolher Simone como candidata lulista ao Senado.

Para completar o “lado B” da moeda de Simone, as pesquisas de intenção de voto a colocam numa situação vulnerável contra nomes como os de Azambuja, Riedel, Nelsinho Trad e Capitão Contar, na legião da direita, e Vander Loubet, na centro-esquerda. E o pano desce quando as pesquisas mostram o avanço de Fábio Trad como candidato ao governo. Duvida-se que a emedebista estaria à vontade com um pé ao lado do marido na campanha de Riedel e outro no palanque da frente liderada pelo PT. Diante destas barreiras, naturais no jogo político, restariam a ela outras ótimas esperanças ou opções: ser a vice na chapa de Lula ou concorrer a senadora por São Paulo.