ELEIÇÕES 2026
Fábio Trad assume a vanguarda anti-extrema-direita e convoca o povo
Em fala contundente, pré-candidato do PT ao governo de MS diz que sua candidatura depende apenas de "uma peça" nacional, critica duramente a gestão atual e promete um palanque de defesa intransigente de Lula e das minorias.
Se havia dúvidas sobre o tom que o Partido dos Trabalhadores (PT) adotaria nas eleições de 2026 em Mato Grosso do Sul, elas foram dissipadas pelo discurso inflamado do ex-deputado federal Fábio Trad na manhã deste sábado (13.dez.25). Durante a Plenária Estadual do partido, Trad não apenas se colocou à disposição para disputar o Governo do Estado, como definiu as linhas ideológicas do confronto: será uma batalha entre o "campo progressista" e o que ele classificou como uma "extrema-direita sórdida" e elitista.
Em entrevista exclusiva ao MS Notícias, Trad explicou que a oficialização de seu nome aguarda apenas trâmites burocráticos em Brasília, mas que a decisão política de ter candidatura própria é irreversível para garantir a defesa do governo Lula no estado.
Questionado sobre o que faltava para a definição oficial, Fábio Trad foi claro ao remeter a decisão ao diretório nacional, mas demonstrou confiança absoluta no desfecho.
“Falta apenas uma articulação no âmbito do Diretório Nacional do PT para que o palanque do presidente Lula em Mato Grosso do Sul seja ocupado pelo campo progressista, que não tenha nenhuma ligação com a extrema-direita local. Se isto se confirmar, coloco humildemente o meu nome à disposição do partido para uma deliberação consensual”, disse Trad.
Para ele, a candidatura é uma necessidade estratégica.
“Não podemos, sendo do partido do Presidente da República, recusar um palanque à maior liderança hoje do mundo ocidental democrático. Seria algo incompreensível, intolerável. Portanto, haverá o palanque e haverá a candidatura. Agora, quem vai ocupá-la, evidentemente depende dessas articulações finais para encaixar a pecinha desse quebra-cabeça.”
OCUPAÇÃO POPULAR DO PODER
O ponto alto de sua participação foi a crítica sociológica à atual estrutura de poder no Mato Grosso do Sul. Trad utilizou uma retórica de classes para diferenciar seu projeto.
“Não é possível mais que no Parque dos Poderes não tenha povo, só tenha empresário, só tenha 'engravatado'. Nós queremos o sem-terra lá. Nós queremos o povo de Mato Grosso do Sul, que vota, de volta ao Parque dos Poderes, como foi em 98. Viva Mato Grosso do Sul!”, exclamou em seu discurso.
Reconhecendo a dificuldade da disputa contra a máquina estatal, ele apostou na pluralidade democrática como trunfo.
“Nós reconhecemos que o eventual adversário, o governador Riedel, é forte porque detém o controle de todo o sistema do Estado. Mas entendemos que o primado da democracia supõe a pluralidade de ideias e a apresentação de modelos alternativos de relação de poder", definiu.
COMBATE À EXTREMA DIREITA E DEFESA DE LULA
Fábio Trad nacionalizou o debate estadual, conectando os adversários locais à oposição radical que enfrenta Lula no Congresso. Fábio saiu em defesa das chamadas "minorias" e disparou contra o conservadorismo radical.
“A extrema-direita que a gente combate lá no Congresso está no Parque dos Poderes também. É por isso que nós temos a firmeza de dizer que os assassinos dos indígenas, os assassinos das mulheres, têm que ser combatidos pelo campo progressista sem medo, com coragem, com amor a Mato Grosso do Sul”, disse.
Ele também criticou a atuação da direita na Câmara Federal, citando a recente manobra para salvar mandatos de parlamentares condenados e a aprovação de projetos de lei que classificou como "heresias jurídicas".
“A direita, infelizmente, ainda vive rastejando, obcecada pela anistia. Conseguiram escandalosamente salvar o mandato de uma deputada presa e condenada. [...] Precisamos de bancadas legislativas sólidas para que o presidente Lula não continue refém dessa extrema-direita que não tem povo, que não gosta de pobre e que só gosta de armas”, afirmou.
PRIORIDADES PARA 2026
Ao finalizar, Fábio Trad alinhou seu discurso com o de Vander Loubet, estabelecendo uma hierarquia de prioridades: primeiro, a reeleição de Lula; segundo, a eleição de bancadas fortes; e terceiro, a disputa estadual competitiva.
“Vamos dar as condições políticas para que Lula faça um 'Lula 4' melhor ainda do que o 'Lula 3'. A sensibilidade política do quadro nacional do PT colocará a peça que falta, e aí sim, formaremos um grande cenário, possivelmente com nossa querida Dona Gilda de vice, para dizer que Mato Grosso do Sul também é terra do campo progressista”, concluiu.
