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Análise: Símbolos da Olimpíada do Rio não personalizam cultura do país

Foto: Divulgação
Muitas vezes ver pode ser mais prático do que ler, e por isso os pictogramas são importantes no nosso dia a dia. Eles representam informações de forma clara e direta. Usam linguagem visual e gráfica, que pode ser compreendida sem texto e independentemente do idioma. Nos Jogos Olímpicos, os pictogramas ajudam na organização e na sinalização dos locais que abrigam as competições, dada a multiplicidade de eventos que simultaneamente se espalham pela cidade e pelas instalações. Missão cumprida para as representações pictóricas das modalidades esportivas da Olimpíada de 2016, apresentadas ontem em evento no estádio de remo da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. [caption id="attachment_1902" align="alignleft" width="250"] Foto: Divulgação[/caption] Pela primeira vez na história dos Jogos, foram criados símbolos específicos para as modalidades paraolímpicas --até então, alguns símbolos eram repetidos ou adaptados. Os desenhos do Rio são simples na representação, de rápida visualização e compreensão da mensagem. Porém, embora conceitualmente elaborados com os princípios da universalidade, deixam escapulir a oportunidade de personalizar o design e criar uma associação ainda mais direta entre o evento e as características brasileiras. Não é de hoje que o homem usa imagens para se comunicar. Inúmeras pinturas rupestres que resistiram ao tempo nos lembram que aprendemos a desenhar antes mesmo de escrever. Mas os primeiros pictogramas como os vistos hoje em shoppings ou aeroportos, que facilmente nos indicam uma escada rolante ou a retirada de bagagens, foram criados nos anos 1920, por Otto Neurath e Gerd Arntz. Nos Jogos Olímpicos, a primeira tentativa foi em Berlim-1936, mas só em Londres-1948 houve avanço. Em Tóquio-1964, primeira edição a usar criptogramas oficialmente, os japoneses desenvolveram o traço e a paleta de cores. No México-1968, a cultura local serviu de base para a construção gráfica. Em Munique-1972, houve o ineditismo da construção inclinada, a simular movimento. A partir de então, as sedes buscaram alternativas no design para personificar os ícones olímpicos, embutindo influências e culturas nativas. A Olimpíada de Barcelona, em 1992, lembrou nos ícones as pinceladas e cores do pintor catalão Miró. Mais recentemente, Sydney-2000 usou curvas do bumerangue para construir os ícones, Atenas, em 2004, lembrou sua cultura milenar e Londres, em 2012, se inspirou nas cores da bandeira inglesa e no design do traçado de seu metrô. Os pictogramas das Olimpíadas do Rio-2016 não trazem nenhuma novidade gráfica. Claro que são funcionais e estão dentro das regras da universalização, mas certamente desperdiçam a oportunidade de também personalizar, e deixar registrados nos ícones esportivos, algo da cultura brasileira. (Agência UOL)