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Senadores criticam MP e pedem pressa na conclusão da Lava Jato

O líder do PTB no Senado, Fernando Collor de Mello (AL), reclamou do Ministério Público por não ter sido ouvido sobre a Operação Lava Jato antes que o pedido de abertura de inquérito fosse apresentado ao Supremo Tribunal Federal.

“A simples concessão dessa oportunidade, ou seja, a adoção do procedimento do prévio esclarecimento poderia, em muitos casos, evitar a abertura de inquéritos e, ao mesmo tempo, a exposição desnecessária, por um longo período, de pessoas e agentes supostamente envolvidos. Na prática, seria a chance de qualquer um, perante o Ministério Público, de esclarecer os pontos, tirar as dúvidas que porventura pairassem e, mais ainda, expressar sua versão dos acontecimentos e a verdades dos fatos”, disse Collor.

O senador acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot de ter agido de maneira “obscura” e questionou o motivo pelo qual ele citou nomes de algumas pessoas para as quais pediu o arquivamento das denúncias por falta de provas.

“Por que citar ou fazer referência, por exemplo, ao nome do senador Aécio Neves e de outras seis autoridades se ele mesmo, o procurador, não achou nada suficientemente justificável para solicitar o inquérito? Ora, bastava não pedir, não citar, simplesmente desistir, sem envolver aqueles nomes. Covardia! Mais grave ainda, quando se trata da Presidenta da República, como foi o caso, junto com o ex-presidente Lula, citada por um dos delatores, para os quais o procurador-geral sequer pediu arquivamento”, acusou Collor.

Em seguida, o líder do PT, senador Humberto Costa (PE), foi à tribuna criticar o Ministério Público. Costa apontou inconsistências nos depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que foram usados como base para o pedido de abertura de inquérito sobre ele.

“No meio desse espetáculo de incoerências e contradições, de conflitos gritantes entre os depoimentos dos dois réus, que fulminam completamente essa informação de doação de recursos, parece incrível que alguém tenha encontrado elementos para a abertura de um inquérito. Eu só posso atribuir à tensão que nesses dias os integrantes do Ministério Público viveram. Eu só posso atribuir à pressa de entregar à imprensa nomes que passassem a ter o julgamento sumário, que estão tendo até agora”, alegou Costa.

O petista pediu celeridade na apuração dos indícios que levaram à investigação sobre seu nome e se dirigiu diretamente ao procurador-geral. “Há outra autoridade da República a quem eu quero fazer um apelo. É o doutor Rodrigo Janot. Tenho absoluto e total respeito por sua excelência. Terei o maior prazer de votar nele, se for novamente candidato à Procuradoria-Geral da República e passar por este plenário. Mas eu quero pedir a vossa excelência, doutor Janot, já que infelizmente vossa excelência assinou esse pedido com tão pouca consistência, pelo menos apresse esse inquérito. Faça com que ele ande nestes 30 dias que vossa excelência deu, para que em 30 dias eu possa dizer ao povo brasileiro, ao povo do meu estado, que fui inocentado”, pediu.

Apesar de não ter sido listada entre os que devem ser investigados por desvios na Petrobras, a senadora Ana Amélia Lemos (RS), pediu que o Ministério Público seja ágil no inquérito. O PP foi o partido com maior número de parlamentares na lista e toda a bancada gaúcha do partido na Câmara está entre os que serão investigados.

Para a senadora, “o tempo do julgamento na política é crucial” e deve ser curto. “A pressa, nesse caso, será em nome da Justiça, em nome da correção, em nome da defesa da relevância e, sobretudo, do respeito às instituições. Nós fomos eleitos e temos o compromisso de dar explicação a nossos eleitores”, disse Ana Amélia.

A senadora alertou que, enquanto durarem as investigações, os trabalhos no Congresso Nacional serão prejudicados e, daí também, a necessidade de celeridade no processo de apuração.