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Não existe manipulação, indígenas e fazendeiros são vítimas de descaso federal, segundo Dom Dimas

Para arcebispo CPI está fora de foco

Embora tenha sido instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para investigar supostas denúncias sobre o Conselho Missionário Indigenista ( CIMI), órgão ligado a Igreja Católica, em Mato Grosso do Sul, o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, classificou como reducionista o fato de a CPI se pautar apenas no CIMI, uma vez que segundo ele, o pano de fundo dos conflitos entre indígenas e fazendeiros no Estado é o descaso do Governo Federal que  se arrasta há décadas.

Para o arcebispo, tanto indígenas quanto produtores rurais são vítimas a falta de interesse do poder público. Conforme o arcebispo, ambos sofrem com a morosidade com que o governo trata a questão. “Acho que deveria haver uma investigação dos verdadeiros motivos e busca por uma solução. Temos hoje uma situação muito complicada de conflitos de direitos na qual faltou, durante muito tempo vontade política”, disse.

Segundo o arcebispo, a disputa pela posse da terra no Estado iniciou quando o governo federal titulou terras a fazendeiros dando-lhes o direito de propriedade. “Índios e fazendeiros são vítimas de uma situação desastrosas que aconteceu há décadas, e trouxe essa consequência que temos aí. É uma cadeia de decisões mal feitas que gerou uma incerteza jurídica muito grande. Os verdadeiros culpados de toda essa situação 'se chama' poder público”, acrescenta.

Mesmo discordando com a instalação de uma CPI para investigar somente o CIMI, Dom Dimas ressaltou a importância de verificar informações e se colocou a disposição para ajudar no que for necessário. “Em recente reunião que tive com fazendeiros havia dito que até gostaria de encaminhar essas investigações para a Polícia Federal, até porque existem pessoas que se dizem do CIMI e não são, existem ONGs que se misturam ali no meio com interesses que não são propriamente para o bem dos indígenas. Não tenho nada a esconder e acho que o CIMI também não”, ressalta.

Denúncias

A instalação da CPI foi proposta pela deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB) sob a alegação de que o CIMI estaria, conforme a deputada, incitando invasões em propriedades rurais em Mato Grosso do Sul.

A bancada do PT também apresentou requerimento, mas  para tentar barrar a criação da Comissão justificando que não havia fato determinado. Contudo, a presidência da Casa considerou o requerimento de Mara Caseiro, aprovando a instalação da CPI, na última quinta-feira (17). “Amanhã vou solicitar as bancadas de cada partido que indiquem um membro que comporá a CPI”, informou Junior Mochi (PMDB).