Índios de todo país lançam na ALMS campanha de boicote ao agronegócio
Aproximadamente 130 representantes de povos indígenas de várias regiões do Brasil estão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul para lançar o boicote à compra de produtos do agronegócio, empunhando o mote de que a soja e a carne do Estado estão manchadas com sangue índio.Estão presentes nessa delegação Hjomens e mulheres dos povos Terena, Guarani, Caiuá, Kniknaw, Pataxó, Apurinã e Atikum, entre outros.
A Mesa Diretora da AL abriu a tribuna para o pronunciamento de uma das mais destacadas lideranças do movimento, Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Ela disse que além de lançar a campanha o grupo que veio ao Estado também está prestando apoio à CPI do Genocídio, instituída pelos deputados estaduais para apurar o assassinato de lideranças de várias tribos, e pedindo mobilização contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere do executivo para o Legislativo a atribuição de demarcar terras indígenas.
Em análise no Congresso Nacional, se for aprovada a PEC 215 representará, da forma como está redigida, um duro golpe nas expectativas de demarcações de áreas que os índios reclamam e estão sob domínio de fazendeiros. A CPI do Genocídio só foi aberta em Mato Grosso do Sul depois de intensa pressão dos movimentos indigenistas e da Igreja contra outra comissão parlamentar de inquérito, a instaurada para investigar as atividades do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Ligado à Igreja Católica, o Cimi é acusado pelos ruralistas de financiar a ocupação de terras pelos índios.