Corumbá
Corumbá tem carnaval único em animação, histórias e diversidades
Ruiter põe folião com DNA de bamba para organizar festa que já assanha os turistas
Um dia, e já faz muito tempo, provavelmente nos anos 1940-50, Corumbá propagava um orgulho entre tantos que pontuam a “capital do Pantanal” e berço de uma das mais profícuas safras de elementos artísticos e culturais do interior brasileiro. Naqueles idos, os corumbaense semearam, cultivaram e prosperaram a certeza de que faziam o terceiro melhor carnaval do Brasil, perdendo somente para o Rio de Janeiro e Salvador (ou São Paulo).
Quem acha que é exagero precisa ir a Corumbá em fevereiro. Respeitará as proporções e constatará: a multidão que toma conta das ruas e praças sabe se divertir. E não só isso: sabe sambar, sabe frevar, sabe marchar, sabe produzir fantasias criativas e sonhos idem. Para dar conta da expectativa que todo início de ano cerca seus habitantes e instiga os turistas, o prefeito Ruiter Cunha (PSDB) designou para organizar o carnaval de 2017 um corumbaense que tem no sobrenome e no sangue o DNA da família que vem a ser uma das grandes protagonistas das principais festas populares de Mato Grosso do Sul: Luiz Mário Cambará.
CASA DE BAMBA - Presidente da Fundação Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico do Pantanal, ele é filho de Luiz de Moraes Cambará (que morreu há seis anos) e Thereza. O casal foi uma das peças fundamentais na afirmação das iniciativas artísticas e culturais de Corumbá, entre as quais o carnaval de rua. Era em sua casa que a família promovia saraus e reunia amigos para rodas de música, poesia e, é claro, a criação de entidades carnavalescas. O bloco “Gente Boa Somos Nós” e a Escola de Samba A Imperatriz se destacam nesta coleção de iniciativas.
A escolha de Luiz Mário, um dos membros da numerosa prole dos Cambará, foi mais uma tacada certeira de Ruiter Cunha, que exerce o terceiro mandato de prefeito. Ele, também um folião típico da terra de Pedro de Medeiros, com invejável fôlego para brincar nas ruas, de preferência nos blocos de animação, forma com Luiz Mário uma dupla de amigos e companheiros que caminham juntos afetiva e politicamente. Essa afinidade pesou na escolha, seguramente, mas não tanto quanto a certeza de que o escolhido se sairia bem nesta complexa missão.
Luiz Mário é mais que um folião de rua, acostumado a desfilar em blocos, escolas de samba e cordões carnavalescos, estes um dos presentes raros e únicos que o carnaval de Corumbá oferece ao Brasil. Possui visão privilegiada e talento organizacional. Logo que teve o nome confirmado para presidir a Fundação de Cultura, Luiz Mário já dizia que a organização do evento seria construída de maneira democrática e participativa, envolvendo os dirigentes das dezenas de blocos, escolas de samba e cordões, além do amplo leque de parcerias para garantir segurança e os vários tipos de atendimento.
INGREDIENTES - À admirável animação de foliões acostumados a emendar os dias e as noites brincando nas ruas outros ingredientes são acrescentados para dimensionar o tamanho da festa. As motivações dos turistas incluem o encanto com os cenários únicos de uma cidade que é banhada pelo Rio Paraguai, faz fronteira com a Bolívia – primeiro dos países andinos alcançados pelo lado oeste brasileiro -, possui uma das mais apreciadas e peculiares cozinhas regionais do País e ostenta o topônimo “Capital do Pantanal”, um topônimo oficializado pelo Congresso Nacional.
Para coroar, é recorrente o elogio de visitantes brasileiros e do exterior à hospitalidade dos pantaneiros, à sua riqueza cultural e à impressionante diversidade de seu povo, que se manifesta sem receio e sem afetação, do modo mais livre e desprendido possível, numa cativante demonstração de aptidão para a convivência universal. Este é, segundo Luiz Mário Cambará, o maior combustível da animação e do traço festeiro que embala Corumbá, com seus 238 anos de história, seus vestígios arquitetônico de época em linhas desenhadas pelas influências europeias e o abraço atemporal das civilizações índias que povoaram a extensa fronteira andino-pantaneira.
Um carnaval à altura das tradições locais e às ansiedades ao redor – é o que propõe o Município, mesmo com o cuidado de um prefeito que acaba de assumir a Prefeitura com a responsabilidade de começar bem, racionalizando o custeio e investindo naquilo que é verdadeiramente prioritário: a saúde, a educação, os serviços essenciais, a manutenção da cidade e o carnaval, porque nele se assentam o direito do povo ao entretenimento e a possibilidade para opções extras de renda.
