MS Notícias

Em mês de decisão de conflito, líderes indígenas relatam dificuldades enfrentadas pelas comunidades

id="attachment_7201" align="alignright" width="300"]PAULINO Cacique Paulino

Perto de vencer o prazo acordado para que o governo federal emita um parecer que solucione de forma pacífica a disputa entre índios e produtores em Mato Grosso do Sul, lideranças indígenas apontam as dificuldades enfrentadas por eles diariamente nas aldeias do Estado.

[caption id="attachment_7200" align="alignleft" width="320"] Cacique Genito[/caption]

Segundo Paulino Terena, representante da comunidade terena Moreira, que fica na região do município de Miranda-distante 203 km de Campo Grande-, o que mais preocupa os moradores do local é a educação das crianças. Ele relata que recentemente a administração do município afastou os professores formados que davam aulas para os mais de 800 alunos da aldeia, e em substituição foram colocados “professores” que nem ao menos concluíram o ensino médio.

“A educação está péssima e isso nos preocupa muito, como eles podem colocar alguém que nem o ensino médio tem, para dar aula para nossas crianças”, relata Paulino. Segundo ele, os representantes da aldeia já cobraram providências do MEC (Ministério da Educação), porém, até o momento nada foi resolvido. “Simplesmente não entendemos o porquê dessa atitude nem a demora pra resolver uma coisa que chega a ser falta de respeito com a gente”, disse.

O representante expõe também os problemas relacionados à saúde da comunidade, que recebe atendimento médico apenas uma vez na semana. “As viaturas são ruins e o atendimento é mal, o médico mal olha na sua cara diz que está tudo bem e que está sem tempo, sem falar na falta de medicamentos. Parece ser invenção, mas a saúde é precária”, conclui.

[caption id="attachment_7201" align="alignright" width="300"] Cacique Paulino[/caption]

Da mesma forma que Paulino, o cacique Guarani Kaiowá, Genito Gomes, líder da aldeia Guaviry em Aral Moreira-distante 402 km de Campo Grande- relata o descaso por parte do poder público com as comunidades indígenas em Mato Grosso do Sul. “Tudo o que queremos é estar na terra onde nossos ancestrais morreram, e por conta disso somos menosprezados e tratados como povo inferior”, desabafa.

O cacique conta que a falta de espaço, saúde e educação são algumas das complicações da aldeia que ele representa. Ele afirma que a comunidade de 289 pessoas divide um espaço de aproximadamente 130 m². “Precisamos da ampliação de nossas terras para produzir, além disso, a saúde e educação estão complicadas. É preciso lembrar que onde tem criança deve ter saúde e educação de qualidade”, completa.

De acordo com o Senso do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicado no ano de 2010, aproximadamente 77.025 mil índios vivem em Mato Grosso do Sul.

 Clayton Neves