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'Indulto natalino'

Marum fala em voltar ao cargo de Deputado Federal para pedir impeachment de Barroso

'Após Barroso revogar decreto do Presidente Michel Temer'

Carlos Marun, Ministro Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, em entrevista ao Programa CB.Poder - Reprodução/CB poder

O governo federal voltou a atacar o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Após o magistrado restabelecer monocraticamente — e em partes — o decreto de indulto natalino editado pelo presidente Michel Temer no ano passado, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, declarou que repudia a decisão e, inclusive, não descarta a possibilidade de entrar com pedido de impeachment contra o juiz.

Além de Marun, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, também foi escalado para o contra-ataque. Juridicamente, o auxiliar avalia que Barroso cometeu equívocos inconstitucionais. “Legislar é função do poder legislativo, do Congresso Nacional. Essa é a premissa fundamental. Neste juízo clássico, onde o decreto fala um quinto, e a liminar decide por um terço, é legislação, não interpretação. No que legisla de um quinto para um terço, invade a competência exclusiva do presidente para o indulto. Está expresso na Constituição”, sustentou.

Com a decisão de Barroso, Marun entende que o ministro desrespeitou os Três Poderes. “Desrespeita o Legislativo, já que desconsidera um texto constitucional. Desrespeita o Executivo, já que usurpa de uma prerrogativa do presidente. E desrespeita o próprio Judiciário, a partir do momento que toma uma decisão que deveria ser tomada inclusive por quórum qualificado (da Suprema Corte)”, ponderou.

A decisão do magistrado não deixou dúvidas na decisão do governo em recorrer. “O remédio jurídico contra essa ação será tomada pela AGU (Advocacia-Geral da União)”, declarou Marun. O articulador político do governo federal, no entanto, cogita entrar com pedido de impeachment contra Barroso por motivação político partidária.

Em 2016, Barroso concedeu perdão de pena ao ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, ao ex-deputado federal José Genoíno, ambos filiados ao PT. O magistrado também perdoou a pena do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Todos os perdões foram concedidos com base em indultos natalinos editados pela ex-presidente Dilma Rousseff. Em virtude disso, Marun questiona a imparcialidade do ministro.

“Ele toma uma decisão completamente diferente da que tomou em relação à decisão da atitude de Dilma. Isso me dá motivos para desconfiar de motivação político-partidária”, disse Marun. O auxiliar de Temer destacou, ainda, que Barroso foi indicado pessoalmente por Dilma ao STF.

Por esses motivos, ele cogita abrir mão do posto de ministro-chefe da Secretaria de Governo para retomar as funções de deputado federal e entrar com pedido para que o Senado Federal julgue um eventual pedido de impeachment que ele venha a fazer. “A atividade político partidária é uma das situações em que se caracteriza crime de responsabilidade por atuação de ministro do Supremo. E eu vejo nessa diferenciação uma incoerência. Uma sinalização, no meu modo de ver, uma insinuação muito clara de atividade político partidária do ministro Barroso, coisa que é incompatível com a condição de um guardião da Constituição”, disse.