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MORTES NA AVENIDA DO CPA

TJ anula condenação de 44 anos de prisão a ex-comendador por mandar matar empresário em Cuiabá

MP já anuncia que irá recorrer da decisão desta tarde do Judiciário

Divulgação

A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) anulou o júri popular que condenou o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro a 44 anos e 2 meses de prisão pela morte do empresário e radialista Rivelino Jacques Brunini, assassinado em 2002 por uma suposta disputa pelo controle do “jogo do bicho” em Mato Grosso. No mesmo júri, ele também foi condenado pela morte do segurança Fauze Rachid Jaudy e pela tentativa de assassinato de Gisleno Fernandes.

Os magistrados da Primeira Câmara seguiram por unanimidade o voto do relator, o desembargador Paulo da Cunha, em sessão de julgamento desta terça-feira (2). A defesa de João Arcanjo Ribeiro argumentou que o júri popular que o condenou, em 2002, desconsiderou as provas juntadas aos autos.

A tese foi aceita pela Justiça, porém, outro julgamento, ainda sem data, deve ocorrer para condenar ou absolver o ex-bicheiro, caso o Ministério Público recorra da decisão. “Reconhecendo a nulidade absoluta atinente ao dolo eventual declaro nulo os julgamentos para que seja outro realizado com observância necessária à denúncia do Ministério Público em sede de pronúncia”, resumiu o desembargador Paulo da Cunha.

Além de João Arcanjo Ribeiro, também se beneficiaram com o acórdão em decisão colegiada outros dois homens responsáveis pela morte do radialista e empresário – o uruguaio Júlio Bachs Mayada, que pegou 41 anos, e o ex-policial Célio Alves de Souza, igualmente condenado pelo homicídio de Rivelino Brunini a 46 anos e 10 meses de prisão.

O CRIME

O dia 5 de junho de 2002 ficou marcado em Cuiabá por um crime que envolveu a disputa pelo controle de jogos ilegais no Estado. João Arcanjo Ribeiro, que controlava o “Jogo do Bicho”, e outros dois que agiam sob seu comando  - Júlio Bachs Mayada e Célio Alves de Souza -, teriam sido os responsáveis pela morte do empresário e radialista Rivelino Jacques Brunini, ligado a redes de “caça-níqueis” em Mato Grosso. O crime ocorreu em plena avenida do CPA, por volta do meio-dia.

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP-MT), João Arcanjo seria o mandante do crime. O atentado também vitimou Fauze Rachid Jaudy, que chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. O trio também foi condenado pela tentativa de homicídio de Gisleno Fernandes, que conseguiu sobreviver.

Um terceiro “ex-pistoleiro”, o ex-cabo da Polícia Militar, Hércules Agostinho Araújo, confessou em 2012 também ter atirado em Rivelino Brunini. Ele foi condenado a 45 anos de prisão.

Ainda segundo a denúncia do MP-MT, Rivelino Brunini estaria em contato com agentes de jogos ilegais que atuam no Estado do Rio de Janeiro para “tomar território” de João Arcanjo em Mato Grosso. O ex-bicheiro, então, ordenou que Júlio Bachs Mayada e o ex-coronel da PM, Carlos Lepeuster (que morreu de câncer em 2007), contratassem os pistoleiros Célio Alves de Souza e Hércules Agostinho Araújo para assassinar Brunini. 

Atualmente, João Arcanjo Ribeiro está cumprindo o regime semiaberto em Cuiabá referentes a outras condenações, como a morte do jornalista Sávio Brandão.