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CORREDOR BIOCEÂNICO

Vander projeta mudanças históricas e destaca protagonismo de Heitor Miranda

"Ele anteviu Porto Murtinho como novo eixo estratégico de integração latinoamericana", diz deputado

Porto Murtinho e o Rio Paraguai - Edemir Rodrigues

Com os primeiros investimentos já em curso – como a construção da ponte sobre o Rio Paraguai e os terminais portuários iniciando suas
operações intercontinentais em Porto Murtinho -, a rota bioceânica já saiu do papel e emerge como um das realidades mais importantes da história do desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. A avaliação é do deputado federal Vander Loubet (PT/MS), que faz projeção otimista sobre os benefícios sociais, econômicos e culturais e pontua o protagonismo do ex-prefeito Heitor Miranda dos Santos como um dos principais precursores da ideia. “Esta ideia tem muitos pais, inclusive já era acalentada em séculos anteriores por gente interessada em unificar os interesses latino-americanos”, observa. “Entetanto, nos dias contemporâneos, não há como não reverenciar o papel corajoso e inovador do Heitor. Ele, quando governou Porto Murtinho a primeira vez, no final dos anos 1980, já era identificado como um louco sonhador, porque vivia defendendo a ocupação social e comercial de um caminho plurimodal ligando o Brasil ao Oceano Pacífico”, completa Vander, que assim como Heitor é murtinhense e outro reconhecido militante da causa.

Vander Loubet está profundamente envolvido com o processo. A rota bioceânica, quando estiver com todas as suas estruturas de escoamento terrestre e fluvial, terá 2.400 km de extensão cortando o Paraguai, a Argentina e o Chile, em cujos portos começa o acesso ao Pacífico. “Isso fará com que nossas exportações cheguem aos países asiáticos, com redução média de 17 dias de viagem e uma inédita média na diminuição de custos”, enfatiza.

Vander e heitor num recho do Rio Paraguai.  

Além das articulações políticas com a representação diplomática do Paraguai, que tornou viável a presenças da Itaipu Binacional como financiadora da obra, Vander destinou uma emenda parlamentar da sua cota individual para a Universidade Federal (UFMS) liderar uma ampla equipe de pesquisadores encarregada de conhecer melhor as potencialidades e os problemas desse corredor, especialmente do eixo Campo Grande-Porto Murtinho.

O deputado informa que as obras estão relativamente adiantadas. A ponte que deverá ligar Porto Murtinho (do lado brasileiro) e Carmelo
Peralta (do lado paraguaio) ficará pronta em 2023. O trabalho do lado do Paraguai avança rapidamente com a construção do trecho asfaltado de 212 km, que liga Carmelo Peralta a Loma Plata. Em Porto Murtinho, além dos portos que estão em construção, o Governo do Estado edifica - com recursos viabilizados pela bancada federal - uma alça rodoviária para que os caminhões acessarem aos portos e uma nova ponte, sem cruzar por dentro da cidade.

VISIONÁRIO

A visão de Heitor Miranda é exaltada pelo deputado, ao assinalar que o ex-prefeito domina conhecimentos históricos, geopolíticos e socioeconômicos, sobretudo em relação à região e à américa Latina. “O Heitor soube procurar parceiros ao longo da Bacia do Prata e no Brasil, com o objetivo de regatar o papel estratégico do Rio Paraguai. Ele sabia que, com algumas alterações no leito do rio, a cidade receberia navios e barcos maiores, aumentando o comércio e o turismo na região”, comenta.

E prossegue: “O Heitor percebeu que não bastava Murtinho ter um portoimportante. Ele prognosticou que a cidade onde nasceu poderia se converter em uma rota importante de ligação entre Mato Grosso do Sul e os portos do norte do Chile, atingindo, na sequência, o Oceano Pacifico e, consequentemente, a China, atualmente a principal parceira comercial do Brasil”. Vander lembra também que o ex-prefeito percorreu vários países da América Latina, na obstinada certeza de estar em busca de um sonho de interesse coletivo. “Virou um embaixador informal dos interesses de Murtinho e de Mato Grosso do Sul. Encontrou muitos parceiros que também imaginavam a construção física de um corredor de integração. Nessa empreitada, inclusive, assumiu a presidência da Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (Zicosul), uma entidade da sociedade civil criada com o objetivo de fomentar o debate sobre a integração da América Latina e a construção do Corredor Bioceânico”.