28 de março de 2024
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'SEM LICITAÇÃO'

Coronel é demitido da superintendência do Ministério no RJ por suspeita de corrupção

George Divério foi nomeado por Pazuello para chefe do Ministério no Rio e teria feito, sem licitar, contratos que somam R$28,8 milhões

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Coronel da reserva do Exército, George Divério - que foi nomeado pelo general e ex-ministro Eduardo Pazuello, para a superintendência do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro - foi demitido nesta 5ª feira (26.mai.2021). A exoneração partiu do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por suspeita de corrupção. Há suspeita de irregularidades em contratos que somam R$ 28,8 milhões

Segundo apurações do portal G1, essa decisão foi motivada pela denúncia em reportagem do Jornal Nacional, de 3ª feira (18.mai.2021), que tratava de irregularidades em contratos da saúde no RJ. O material jornalístico apontou que empresas foram escolhidas, sem licitação, para reformas em galpões e sede do Ministério da Saúde durante a gestão de Pazuello.

Há cinco dias o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu processo para investigar irregularidades nesses contratos. Lucas Furtado é subprocurador-geral e apontou ser "obrigatória atuação do Tribunal de Contas da União, a fim de que sejam apurados os fatos".

ENTENDA

Nomeado por Pazuello para a Superintendência estadual do ministério no Rio, George Divério autorizou, com um intervalo de dois dias (em novembro de 2020) duas contratações sem licitação que somam quase R$ 30 milhões, quase R$ 9 milhões só para a reforma dos galpões na Zona Norte do Rio, segundo informações divulgadas pelo portal Brasil 247.

Ainda no mesmo mês, Divério autorizou - por quase R$ 20 milhões, novamente sem licitação - a reforma completa na sede do Ministério da Saúde no Rio.

No dia 18, o Jornal Nacional apontou que a empresa escolhida para a obra de 20 milhões, sem licitação, fica numa esquina, em Magé, na Baixada Fluminense, numa área dominada pela milícia.

"À primeira vista, parece uma empresa pequena para uma obra tão grande. Uma empresa bem pequena. Dois portões e uma casinha de um cômodo do lado de dentro", apontou o jornal

Houve ainda um terceiro contrato que saiu sem a devida licitação. Foram mais de R$ 1,7 milhão para a mão-de-obra de apoio, como recepcionistas e carregadores fornecidos pela Vinil Engenharia.

Logo na 4ª feira (19.mai.2021), o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu a quebra dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, além do acesso às comunicações trocadas entre ele e George Divério.

Ainda, segundo o portal Brasil 247, os contratos sem licitação foram feitos com empresas que já haviam trabalhado para Divério, quando esse, por sua vez, tinha cargo na Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel).

ENVOLVIDAS

A empresa SP Serviços foi contratada para realizar uma reforma completa na sede do Ministério da Saúde, no Rio, por R$ 18,9 milhões. Uma outra empresa, a Lled Soluções, foi escolhida para reformar um galpão a um custo estimado em R$ 9 milhões

Ainda que os contratos tenha sido desfeitos, após a Advocacia Geral da União não aprovar as reformas efetuadas sem licitação, para o órgão de controle: “os indícios de sobrepreço não podem ser simplesmente ignorados" e o processo foi encaminhado à Controladoria Regional da União no RJ e ao Tribunal de Contas da União.