20 de abril de 2024
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MS lidera ranking de policiais assassinados no país

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O Mato Grosso do Sul é o Estado que mais registra assassinatos de Policiais Militares no país. O levantamento foi realizado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014. Os números são proporcionais aos habitantes. De acordo com os dados, a cada mil policiais, cerca de dois são assassinados no Estado. No Brasil, a taxa é de 0,2 policiais mortos a cada um mil.

De acordo com o site Dourados Agora, Mato Grosso do Sul passou de uma morte, em 2012, para dez em 2013. Neste ano, dois policiais foram executados, de acordo com dados da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de MS.

O presidente da entidade, Edmar Soares da Silva, diz que os números são desconfortáveis, mas existem pela falta de investimento do Governo do Estado na Polícia Militar. Ele denuncia a falta de um planejamento para a contratação anual de novos policiais.

 A associação defende uma lei que obrigue o Estado a contratar anualmente no mínimo 15% do efetivo para compensar as perdas com aposentadorias e reforçar o efetivo. Segundo ele, hoje o Estado tem 4.450 policiais, mas precisaria de 9.8 mil para atender à demanda; um déficit de 5.350. “O Estado passou quatro anos sem a abertura de concursos. Realizou um, em 2008, que só terminou em 2010 e um agora em 2014, que deve contratar 900 policiais. Este número é irrisório, em relação à verdadeira necessidade do Estado”, destaca. Segundo o presidente, a população de MS dobrou nos últimos anos e o número de novos policiais não acompanhou o ritmo.

Outro problema considerado pela classe é o déficit de material para os policiais. Segundo a Associação, mais de 50% dos coletes à prova de balas estão vencidos há mais de um ano, o que cai a eficiência do material de proteção. “Nós já solicitamos providências no Ministério Público Estadual. Um levantamento geral da Segurança Pública está sendo realizado e entregaremos este material para o governador eleito Reinaldo Azambuja (PSDB)”, anuncia.

A instalação do presídio federal, de acordo ainda com o presidente, é um dos motivos que contribuem para a crise na segurança pública. “Presos de todos os estados e da mais alta periculosidade chegam e trazem seus parceiros do crime organizado para atuarem no Estado. Não temos estrutura suficiente para combater a criminalidade com a eficiência necessária. Esta é a grande verdade”, destaca.

A falta de política salarial adequada aos policiais também contribui para essas mortes, visto que, muitos policiais, devido a renda recebida, que não é suficiente, acabam perdendo a vida em bicos, o que é uma atividade proibida, mas muitas vezes a única solução.

Em relação às mortes dos policiais, relatadas no Anuário, o Estado diz que “o crescimento é atípico, mas está diretamente relacionado ao risco da atividade. Com foco na redução dos incidentes durante confrontos que resultam nas mortes de policiais, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul elaborou e instituiu, com a publicação no Diário Oficial do Estado de 13 de novembro de 2014 (página 16), a Política de Gestão de Riscos, e a partir de agora irá implantar o Plano de Gestão de Riscos para todos os órgãos da segurança pública do Estado”.

O objetivo da normativa é gerenciar os riscos de maneira eficaz, eficiente e efetiva, contribuindo para a redução da materialização de eventos que impactem negativamente nos objetivos estratégicos. A estrutura de gestão integrada de riscos permite a identificação de eventos com consequências negativas (ameaças) ou positivas (oportunidades), a fim de que sejam tomadas decisões precisas. Este princípio visa criar um ambiente favorável ao crescimento sustentável da organização, com vistas à satisfação plena das partes interessadas.

Tayná Biazus