24 de abril de 2024
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CULTURA

Pela 1ª vez no palco, aos 38 anos, Silvia concorre a prêmio teatral

Atriz, mãe, preta, interpretou a "Coragem", no espetáculo "Cérebro Edgar", que concorre ao 1º Prêmio Campo Grande ao Teatro

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Desistir nunca, esse é o lema de Silvia Cerqueira da Silva, de 38 anos, que estreou como atriz nesta 4ªfeira (20.jan.21) no palco do Teatro Glauce Rocha, concorrendo ao 1º Prêmio Campo Grande ao Teatro, que ocorre desde do dia 19 e segue até 22 de janeiro.

Além de professora de geografia, técnico administrativo, técnico em meio ambiente, agora ela pode também ser chamada de atriz. Silvia integra o elenco do espetáculo “Cérebro Edgar”, do Grupo Teatral Falta Um, escrito e dirigido pelo também ator, Tero Queiroz, quem Silvia considera seu “quarto filho”. 

Ela é mãe biológica de três meninas, de 18, 20 e 23 anos, e desde 2018 desenvolve atividades no Falta Um. Naturalmente, foi se envolvendo nos projetos do grupo até que, por acaso, entrou para o elenco. Silvia disse à reportagem, que umas das meninas que integravam o elenco não podem estar em cena devido a Covid-19, portanto ela foi desafiada pelo seu filho a fazer a personagem “Coragem”, justamente num momento em que o grupo estaria sendo avaliado. “Puxa, meu filho me disse que estava cogitando não participar, eu então disse que caso ele achasse possível eu poderia fazer, ele então convidou a mim formalmente, tivemos apenas 7 dias de preparação e minha estreia veio aos 38 anos... Estou muito feliz, pois me diverti demais”, disse a atriz. 

Elenco do Falta Um, após apresentação do espetáculo Cérebro Edgar, no 1º Premio Campo Grande ao Teatro

Agora, horas após a apresentação que ocorreu na tarde de ontem (às 13h30) Silvia destacou o sentimento fervilhando e comemorou o que ela diz não poder resumir em uma mensagem.  “Me sinto feliz, na verdade realizada. Percebi que podemos fazer na vida tudo que quisermos, basta um pouco de dedicação e não tem uma hora certa para isso acontecer. Como resumir uma apresentação em uma mensagem??? Talvez eu não consiga expressar apenas na escrita pois a arte me permitiu demonstrar além de palavras... valeu a pena cada ensaio, cada improviso e cada leitura.  Desde que soube que apresentaria fiz uma pesquisa sobre a coragem e sobre ser a coragem. Cantar foi empolgante e quando entrei em cena o medo passou e tinha certeza que naquele momento era aquilo que eu queria”, traduziu.

Para Silvia estar no palco está relacionado a diversão e por isso, ela contou que seu objetivo maior foi atingido. “Queria apenas me divertir assim como fiz e saí na certeza que dei o melhor de mim, lógico que tenho muito a melhorar, pois estou apenas começando. Sei que estou longe de estar atuando bem, mas para mim foi como se o prêmio fosse meu só de poder participar”, finalizou.

FESTIVAL

Espetáculo conta a história de um homem proibido de viver o amor que sente pelo dedão do pé Espetáculo conta a história de um homem proibido de viver o amor que sente pelo dedão do pé. Foto: Marcos Maluf | Falta Um

O festival 1ª Premio Campo Grande ao Teatro teve uma alteração, antes, com 9 grupos concorrentes, devido a Covid-19 alguns grupos desistiram ficando na disputa 7  grupos, destes ainda faltam se apresentar 2: ‘Areotorare’, do Grupo Teatral Imaginário Maracangalha, uma apresentação de teatro de rua, prevista para ocorrer dia 22 às 9 h – no pátio da UFMS  e último a se apresentar será  o “Diário de Madalena”, do Grupo Teatral Palco Sociedade Dramática, na categoria adulto Palco Italiano, essa apresentação está prevista para ocorrer no dia 22 às 13h, no Teatro Glauce Rocha.

O organizador do Festival é o ator, diretor e iluminador cênico, Espedito Di Montebranco responsável pela Associação Artística Cultural Palco de Artes Cênicas, Esporte, Laser e Promoção Social (AACP), que promove o festival com uso de recursos de premiação do Programa Municipal de Fomento ao Teatro, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e Prefeitura Municipal de Campo Grande (FOMTEATRO/SECTUR/PMCG), e conta com apoio da UFMS.

Espedito no Centro da imagem de camiseta preta. Ele é o realizador do evento por meio de premiação do FOMTEATRO Espedito no Centro da imagem de camiseta preta. Ele é o realizador do evento por meio de premiação do FOMTEATRO. Foto: Henrique Kawaminami | Falta Um

Espedito contou ao MS Notícias, o que o festival tem promovido até aqui e comemorou principalmente, a integração de grupos mais novos em apresentação com grupos mais antigos. “Muito feliz. De verdade. Fazia tempo que eu não via tanta união entre os grupos. Chegam mais cedo, veem o colega ainda montando cenário, luz. Acho que este diálogo é que falta retomar. Mesmo que seja um prêmio onde cada espetáculo irá concorrer a uma série de prêmios eu não vejo competição, mas sim o desejo de cada um dar o seu melhor e mostrar o seu trabalho. Depois de um ano sem trabalharmos nós palcos é bom ver que os espetáculos não morreram e os grupos não pararam”, comemorou.

O festival tinha o objetivo de selecionar 15 espetáculos, a serem avaliados pelos jurados, que também estão sendo homenageados nesta 1ª edição do Prêmio. Compõem o júri os artistas Bianca Machado, Emmanuel Marinho e Edilton Ramos. Ao longo dos anos, cada um deles desempenhou um papel imprescindível para a construção da arte em Mato Grosso do Sul e no Brasil.  

“O desejo também de reconhecer personalidades do teatro de MS é antigo, embora eu tenha dito e faço isso sempre presencialmente é muito bom reconhece-los em um evento e a ideia foi o prêmio. Edilton Ramos, Bianca Machado e Emmanuel Marinho são reconhecidos nesta edição, mas a lista é bem grande e seguiremos a cada edição homenageando em vida”, adiantou Espedito.

Além de premiação em dinheiro (R$ 4 mil) à 1 grupo de cada categoria (infantil, adulto palco italiano e de rua), também serão entregues troféus nas categorias “melhor ator”, “atriz”, “texto original”, “cenografia”, “figurino”, “iluminação (criação)”, “Melhor operação de Iluminação”, “Melhor sonoplastia (criação)” e “direção”.

FALTA UM

Cerebro Edgar, apresentado nesta 4ª-feira (20.jan), no teatro Glauce Rocha, na Capital

O Falta Um, grupo a que Silvia integra, está concorrendo na categoria espetáculo teatral adulto, no palco italiano. Além de Silvia, fazem parte do elenco do espetáculo: Triz Cindilla (atriz e maquiadora), Igor Matheus, Dalton Flores, David Santos e Tero Queiroz. Na produção do espetáculo: Elisangela Cerqueira e Alyadna Freitas. A operação de som foi feita por Alyadna Freitas; operação de luz foi feita por Juliano Pedrozo; concepção de figurino é de Marcelo Athayde, as trilhas do espetáculo foram criadas por Tero e produzidas por Brunos Santos, da Linha dos Versos Home Estúdios. O espetáculo é uma criação original.