20 de abril de 2024
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PESQUISA PeNSE 2019

Violência sexual presente entre 15% dos estudantes; conhecem alcool e droga mais cedo

Dados do IBGE apontam que o número de meninas violentadas é mais que o dobro observado em meninos em levantamento de 2019

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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados hoje (10.set.2021), da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019, revelou que quase 15% dos alunos entre 13 e 17 anos, alguma vez na vida e contra sua vontade, foram tocados, manipulados, beijados ou passaram por situações de exposição de partes do corpo. 

Resultados de conversas com estudantes do 7º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, os meninos são 5,8 milhões (49,3%) e as meninas, 6 milhões (50,7%), ainda assim, os casos de violência sexual nelas (20,1%) é mais do que o dobro observado em garotos (9,0%). 

Além disso, segundo o IBGE, 6,3% dos escolares informaram ao Instituto que foram obrigados a manter relação sexual contra a vontade alguma vez na vida, sendo 3,6% dos meninos e 8,8% das meninas.

Na rede privada, houve mais relatos desse tipo de violência (16,3%) do que na rede pública (14,4%). Na comparação entre os grupos de idade, os estudantes de 16 a 17 anos apresentaram um percentual mais elevado deste tipo de ocorrência (17,4%, contra 13,2% entre os escolares de 13 a 15 anos). Os alunos da região Norte mostraram maior incidência desse tipo de violência (17,1%), com o maior percentual no Amapá (18,2%).

Do público total 10,1 milhões (85,5%) estudavam em escolas públicas e 1,7 milhão (14,5%) faziam parte da rede privada. Ainda, 7,7 milhões tinham de 13 a 15 anos e 4,2 milhões, de 16 ou 17 anos. 

REFLEXOS 

Com esse público ainda em idade escolar, os números apontam fatores preocupantes, que pelo menos 63,3% dos entrevistados já haviam ingerido uma dose de bebida alcoólica e 34,6% deles haviam tomado a primeira dose com menos de 14 anos. Quase metade tiveram relatos de episódios de embriaguez. 

Além da bebida, as drogas ilícitas entraram na vida de pelo menos 4,3% desses alunos antes dos 14 anos, enquanto - do público total - 13% dos estudantes já fizeram uso, segundo o IBGE. Entre as drogas mencionadas, 5,3% relataram consumo recente de maconha e 0,6%, de crack

Nas entrevistas de 2019, 35,4% dos escolares já haviam tido sua iniciação sexual, e o uso de preservativo esteve presente na maioria, sendo que 40,9% não o utilizaram na última relação sexual. 

Entre as meninas que já haviam tido relação sexual, 7,9% engravidaram alguma vez na vida. Quando comparado entre as classes econômicas, entre escolares da rede pública, esse percentual foi de 8,4%, enquanto entre escolares da rede particular, foi de 2,8%.

Em constatação, a PeNSE apontou que 79,7% dos adolescentes que já tiveram relação sexual utilizam algum método contraceptivo diferente da camisinha: 52,6% usaram pílula anticoncepcional na última relação sexual, 17,3% a pílula do dia seguinte e 9,8%, contraceptivos injetáveis.

OUTROS DADOS

Ao tratar da Saúde do Escolar, a Pesquisa também levantou que mais de onze por cento dos estudantes de 13 a 17 anos (o que corresponde à 1,3 milhão de alunos) deixaram de ir à escola por não sentirem segurança em seu trajeto da casa para a escola.

Quanto ao bullying, 23% afirmaram que se sentiram humilhados pelos colegas no período dos últimos 30 dias, sendo que, o percentual das meninas (26,5%) superou o dos meninos (19,5%).

Quando questionados se as ameaças, ofensas e humilhações se estendiam nas nas redes sociais ou em aplicativos: 13,2% responderam que sim.

Da aceitação desses estudantes em fase escolar, 49,8% dos escolares de 13 a 17 anos achavam seu corpo normal, 28,9% deles se achavam magros ou muito magros e 20,6%, gordos ou muito gordos.

Ainda, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar buscou saber como eles se sentiam nos 30 dias anteriores à pesquisa, em 2019. 

Números apontam que 21,4% afirmaram sentir que a vida não valia a pena ser vivida, sendo 29,6% das meninas e 13,0% dos meninos.

DESIGUALDADE 

Segundo o IBGE, os chamados "recursos de multimídia", como computadores e/ou tablets eram mais frequentes para os alunos das escolas privadas (84,9%) do que para os das escolas públicas (73,0%). 

Cerca de 58,1% das escolas públicas tinham acesso à internet e 61% tinham sala ou laboratório de informática disponíveis, com esses númeres sendo, respectivamente, 74,4% (acesso à internet) e 73,6% (sala).