NÚCLEO CRUCIAL
"Esse julgamento não se confunde com vingança, trata-se de justiça", diz advogado de Anderson Torres
Durante sua explanação, o advogado citou uma frase de Anderson Torres para sustentar sua defesa: "Depois que der merda, não muda nada, não"
Durante sustentação oral nesta terça-feira (2.set.25), o advogado e político Eumar Roberto Novacki destacou o caráter técnico e jurídico do julgamento em curso na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), conhecido como o caso do Núcleo Crucial. Novacki defende Anderson Torres, ex-Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, e delegado da Polícia Federal.
"Esse julgamento não se confunde com vingança, trata-se de justiça."
A fala foi feita diante dos ministros da Corte e soou como um apelo à imparcialidade, em meio a um dos processos mais politicamente sensíveis da história. Novacki apelou pela necessidade de preservar o devido processo legal, independentemente de pressões externas ou do clima político.
"Não há democracia sem instituições fortes e independentes."
Acrescentou ainda que no seu entendimento o equilíbrio entre os Poderes e a atuação técnica do Judiciário são essenciais para a manutenção do Estado de Direito.
Durante sua explanação, o advogado citou uma frase de Anderson Torres para sustentar sua defesa: "Depois que der merda, não muda nada, não", alegando que ela teria sido dita no sentido de que, após a proclamação das eleições, nada mais poderia ser feito. No entanto, no processo, fica claro que Torres defende que não se espere Lula assumir o cargo para agir — nesse contexto, com um golpe de Estado.
CONTEXTO DO JULGAMENTO
O caso do Núcleo Crucial envolve militares e civis acusados de participação em uma suposta tentativa de ruptura institucional após a derrota eleitoral do então presidente Jair Bolsonaro, em 2022. A investigação conduzida pela Polícia Federal resultou em diversas denúncias, que agora começam a ser analisadas pelo STF.
Entre os réus está o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, cujo advogado na Corte é o ex-senador Demóstenes Torres — que também causou repercussão ao declarar: “Se o Bolsonaro precisar que eu leve cigarro para ele, conte comigo.”
EUMAR NOVACKI
Eumar Roberto Novacki é advogado, ex-secretário executivo do Ministério da Agricultura, coronel da reserva da Polícia Militar de Mato Grosso e ex-secretário-chefe da Casa Civil do Distrito Federal. Deixou a carreira pública em 2019, após 26 anos de atuação, para se dedicar à advocacia e à consultoria nas áreas de agronegócio, governança corporativa, gestão de crise, compliance e relações institucionais.
Bacharel em Direito, com pós-graduação em Gestão Estratégica, Direito Público e mestrado em Administração Pública, ocupou cargos de destaque no governo de Mato Grosso (2003–2010), no Senado Federal e no governo federal, onde participou da condução de programas como o Plano Agro+ e Agro Integridade. Durante a crise da Operação Carne Fraca, atuou na interlocução com o setor produtivo e mercados internacionais.
Foi presidente dos conselhos da Conab e da Embrapa e chefiou missões internacionais voltadas à expansão comercial do agronegócio brasileiro. Em 2020, assumiu a presidência do Conselho Fiscal do BRB. Atualmente, integra equipes de defesa em ações no STF, incluindo a do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Nascido em Cascavel (PR), viveu em Cuiabá (MT) e hoje reside em Brasília. É faixa preta de taekwondo, piloto de helicóptero e autor de artigos sobre gestão pública.
