NÚCLEO CRUCIAL
"É um irresponsável esse tenente Coronel Mauro Cid", grita a defesa de Braga Netto
"Como que pode essa delação ficar em pé? Ela é um pó, não é nada. É uma farsa, uma ficção", disparou o advogado
Durante a continuidade do julgamento da Ação Penal 2668 no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta 4ª feira (3.set.25), o advogado José Luis de Oliveira Lima, responsável pela defesa do general da reserva Walter Braga Netto, fez duras críticas à colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Segundo o defensor, o processo contra o ex-ministro da Defesa está comprometido por irregularidades e deveria ser anulado.
Com base em uma reportagem da revista Veja, a defesa alegou que Mauro Cid teria sido coagido pela Polícia Federal a firmar um acordo de colaboração que sustentaria uma "narrativa" acusatória contra Braga Netto. “Mauro Cid teria sido coagido pela Polícia Federal a colaborar com uma ‘narrativa’ de que Walter Braga Netto é golpista. A credibilidade dele é instável”, afirmou o advogado.
Oliveira Lima ainda questionou a legalidade de procedimentos dentro da investigação e citou falhas processuais. Ele reclamou, por exemplo, da decisão do ministro relator, Alexandre de Moraes, de não permitir a gravação da acareação entre Cid e Braga Netto, o que, segundo ele, compromete a transparência e a defesa. “Mauro Cid não fez o acordo com voluntariedade. Esquece a voluntariedade, ficou à margem”, disse. “A defesa entende que esse acordo está maculado por esses vícios.”
CRÍTICAS AO MPF
A defesa também questionou a consistência das provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). De forma enfática, o advogado argumentou que a acusação se baseia unicamente em uma delação "mentirosa" e em capturas de tela que, segundo ele, são frágeis e manipuladas. “A acusação fez um discurso muito bem lido, mas não tem provas. É uma narrativa acusatória. E o Ministério Público não trouxe prova nenhuma, e não trouxe por incompetência, é porque não as tem”, declarou. “O que tem é essa delação, que é mentirosa, e vou provar aqui, e oito prints contra Braga Netto. Não é possível.”
De acordo com o advogado, esses prints, apresentados como prova de que Braga Netto teria coordenado um plano golpista com oficiais das Forças Armadas, não têm validade jurídica. “Prints não têm validade nenhuma", alegou. “Ele coordenou todo esse ataque em quatro dias com oito prints conversando com um único interlocutor? É surreal", questionou. “Os prints que o Ministério Público relaciona estão adulterados. Ele adulterou a conversa. Essa é a prova que o Ministério Público aponta como cabal para dizer que meu cliente coordenou o ataque ao alto comando? Isso não para em pé".
ENVOLVIMENTO AO 8 DE JANEIRO
O defensor também rejeitou qualquer ligação de Braga Netto com os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por manifestantes. “Sobre os ataques criminosos do 8 de janeiro, ninguém pode achar que aquilo é um passeio no parque — evidentemente, não. Mas tenho também a obrigação de dizer que Braga Netto não tem nada a ver com aquilo.”
A defesa argumentou ainda que a reunião que supostamente tratou do plano denominado "Punhal Verde e Amarelo", na casa do general, foi uma visita informal. Segundo José Luis de Oliveira Lima, os militares envolvidos “foram conhecer” Braga Netto por sua notoriedade. “Um plano discutido em 30 minutos? Evidentemente que não foi. Os dois oficiais que foram visitar o general Braga Netto falam textualmente que vieram a Brasília visitar a família".
Ele incluiu ainda: "No dia 8 de janeiro ele [Braga Netto] estava no Rio de Janeiro jogando vôlei na praia".
"É UMA FARSA, UMA FICÇÃO"
Elevando o tom, o advogado chamou Mauro Cid de “irresponsável” e minimizou a relevância de sua colaboração premiada: “É um irresponsável esse tenente-coronel Mauro Cid”, disse, exaltado. “Como que pode essa delação ficar em pé? Ela é um pó, não é nada. É uma farsa, uma ficção".
Ele também comentou com indignação o tempo que a suposta entrega de dinheiro levou para ser incluída na investigação: “Entrega do dinheiro, esse tema é o que me deixa indignado. Repito: 15 meses para trazer esse tema ao processo? É evidente a desfaçatez do réu delator", concluiu.
