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VIOLÊNCIA SEXUAL | JUNDIAÍ (SP)

Gautyelle vira diarista e sofre assédios; "não sou garoto de programa"

Mandado embora do trabalho em meio a pandemia, homem optou pela profissão de limpeza para não atrasar a pensão da filha de 11 anos

Homem vira diarista para pagar pensão e se depara com assédios; "não sou garoto de programa". Foto: Arquivo pesssoal

Desempregado e meio a pandemia, Gautyelle Costa Machado, de 31 anos, morador de Jundiaí (SP), passou a trabalhar como diarista para não deixar a pensão da filha de 11 anos atrasar. Ele, no entanto, passou a sofrer assédio sexual de contratantes homens e mulheres. A reportagem é do G1

“Eu preciso pagar pensão e me deu um desespero. Então, surgiu a ideia de eu ser diarista. Eu gosto de limpar a casa e comecei a divulgar na internet, fiz uma arte bem legal com uma foto minha, uma descrição. Daí eu já recebi bastante críticas por causa da foto e depois começaram os assédios”, disse o homem. 

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De acordo com Gautyelle, convites de mulheres e homens passaram a procurá-lo, não para limpar, mas sim como garoto de programa. “Eu recebi muitas mensagens de mulheres para eu fazer faxina à noite na casa delas. Nunca na minha vida eu achei que passaria por isso. Eu fiquei sem entender, simplesmente me calei”, relatou. 

“Fui trabalhar na casa de um homem e ele me mandou mensagem dizendo que queria algo a mais. Eu fiquei muito sem graça, fiquei sem reação. Isso me deixou muito triste porque uma coisa é você sofrer assédio pela internet e outra era pessoalmente. Aquilo me abalou muito”, narrou. 

Ainda segundo o trabalhador diarista, ele disponibilizou o número de celular na internet para caso alguém quisesse contratá-lo. De acordo com ele, isso também colaborou para que pessoas mandassem vídeos íntimos sem consentimento.

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“Infelizmente eu tive essa falta de respeito muito grande, muito mesmo. Já é difícil você colocar uma pessoa na sua casa que você não conhece. Existem pessoas ruins dentro de casa. Eu não quero passar essa impressão para as pessoas, não sou garoto de programa”, explicou.

Antes de tentar a nova profissão, Gautyelle trabalhava em um mercado e precisou se adaptar à nova realidade. Ele também faz pães caseiros para vender, como forma de complementar a renda. “Não estava nos meus planos ser diarista, a gente não imagina. O que mais me motiva é a minha filha. Passo algumas situações porque eu penso nela, ela precisa de mim. É um trabalho como qualquer outro trabalho, é muito digno”, analisou. 

Jovem também faz pães para complementar a renda — Foto: Arquivo pessoal

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"Graças a Deus tenho uma renda com o meu trabalho, tem lugares que eu trabalho toda semana. As pessoas falam que vão fazer um 'teste' e acabam gostando do meu serviço."

ASSÉDIO SEXUAL

O crime de assédio sexual se caracteriza quando uma pessoa se utiliza da relação de hierarquia que possui em relação à vítima para obter um favorecimento sexual.

O assédio ocorre quando há constrangimento com o objetivo de receber vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se, para isso, da condição de superioridade hierárquica ou ascendência em emprego ou função, por exemplo.