OPERAÇÃO SUCCESSIONE
Deputado Neno Razuk vira réu por ligação ao Jogo do Bicho em MS
ALEMS deve decidir futuro do deputado bolsonarista
O deputado estadual bolsonarista Roberto Razuk Filho (PL), também conhecido como Neno Razuk, virou réu ao ser denunciado Ministério Público Estadual (MPE-MS), junto a outros 14 suspeitos por ligação com o Jogo do Bicho em Mato Grosso do Sul. O pedido foi recebido pela juíza May Melke Amaral, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande (MS).
Como mostramos aqui, Neno foi alvo da Operação Successione, que inclusive, realizou buscas na casa do deputado na Capital sul-mato-grossense. Naquelas buscas, foram apreendidos uma pistola e dois celulares.
A penalização do deputado bolsonarista dependerá de seus colegas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), que a partir de agora pode votar se afasta ou não o deputado suspeito de ser chefe entre os ‘bicheiros’.
Uma mudança na legislação feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), garantiu que deputado não podem ser presos, a não ser se forem pegos em flagrante ou por crime inafiançável. Mesmo que condenado, Neno só poderia ser preso se a ALEMS autorizar.
Em Mato Grosso do Sul, há 3 anos, o deputado Jamilson Name foi ‘salvo’ pelos parlamentares – ele também foi acusado de estar ligado ao Jogo do Bicho. Na época a ALEMS até tentou por fim ao processo contra Name, porém, o juiz Roberto Ferreira Filho rejeitou o ofício, decidindo pela continuidade do processo.
LIGAÇÕES COM O JOGO DO BICHO
Como mostramos aqui no MS Notícias, em outubro de 2023, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a Operação Successione, quando prendeu o Major aposentado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Gilberto Luiz dos Santos. O preso, assessor parlamentar do deputado Neno Razuk, era uma de 9 pessoas flagradas numa residência em Campo Grande onde a Polícia Civil apreendeu 700 máquinas de apostas ilegais do jogo do bicho na 2ª feira (16.out.23). Além do Major, outro assessor de Neno, Diego de Souza Nunes, foi alvo de mandado de prisão.
SUCESSÃO
Desde setembro de 2019, o jogo do bicho em Campo Grande está sem um líder específico, depois de a Operação Omertà prender Jamil Name e Jamil Name Filho, acusados de chefiar a milícia armada e a jogatina. Na época, diversas bancas de jogo ilegal foram retiradas das ruas.
Durante cumprimento de pena, Jamil Name morreu na prisão devido à Covid-19. Jamil Name Filho está preso e enfrenta acusações de posse de armamento ilegal, organização criminosa e mandante de assassinato. Ele e seu irmão estão sendo acusados de controlar o jogo do bicho e usar a empresa Pantanal Cap para lavagem de dinheiro, com R$ 18 milhões bloqueados pela justiça.
Conforme o Gaeco, apesar dos 'Names' estarem presos, há uma nova organização criminosa em Mato Grosso do Sul à frente do jogo do bicho.
A Operação Successiona teve o objetivo de cumprir 10 mandados de prisão temporária e 13 mandados de busca e apreensão na Capital sul-mato-grossense e em Ponta Porã.
A investigação do GAECO, em colaboração com o GARRAS, desvendou que a organização criminosa realizava diversos roubos à mão armada durante o dia e na presença de outras pessoas em Campo Grande (MS). "A disputa pelo monopólio do jogo do bicho local foi o contexto em que esses roubos foram cometidos", disse o MPMS em nota.
"A organização criminosa foi descoberta com a ajuda da polícia, mas contava com policiais para a realização de suas atividades, o que a torna especialmente perigosa", observou.
O nome da operação faz referência à disputa pela sucessão do controle do jogo do bicho em Campo Grande, com a chegada de outros grupos criminosos que migraram para a Capital após a “Operação Omertà”.
