26 de julho de 2024
Campo Grande 27ºC

OPERAÇÃO SUCCESSIONE

Gaeco realiza busca e apreensão contra o deputado bolsonarista Neno Razuk

Parlamentar defende o jogo do bicho, mas diz 'não ser criminoso'

A- A+

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), cumpriu mandados de busca e apreensão contra a casa de luxo no condomínio  Damha III, do deputado bolsonarista Neno Razuk (PL). Os investigadores caçam criminosos ligados ao jogo do bicho.

Na casa de Razuk os investigadores apreenderam uma pistola e dois celulares apreendidos.

Na Assembleia Legislativa, o parlamentar defendeu o jogo, mas disse: “ não sou criminoso”.

Razuk revelou que além dos objetos citados pela PF, também foram apreendidos um tablet do filho dele. “Mostrei que só tinha joguinho, mas infelizmente estava no mandado e levaram até o tablet. Também a minha pistola que tenho registro, porte, tenho tudo bonitinho e nada mais de relevante, somente isso mesmo. Não tinha nada, não pegaram um real”, argumentou. 

O bolsonarista chegou a ironizar a operação do Gaeco. “Acordei com essa surpresa feliz, assinada por um juiz de primeira instância, eu não sei qual a causa, qual razão, mas eu confio na Justiça. Tenho certeza da minha inocência e tenho certeza que quando essa investigação tiver o seu desenrolar, vai ser mostrado que eu não tenho nenhum tipo de envolvimento. Não sei nem até agora o teor. Estou esperando meus advogados terem acesso para poder saber o que realmente está acontecendo”, disse.  

Conforme o Gaeco, Razuk é suspeito de ter assumido o comando do jogo ilegal na Capital após a queda de Jamil Name e do filho, em 2019.  “Não tenho nenhum cambista, nenhuma banca, não tem nada aqui, eu acho que estão querendo jogar isso nas minhas costas”, disse Razuk. “Eu não tenho nada com isso nada e realmente não querem procurar quem deveriam procurar", continuou o bolsonarista.  

Razuk é de família de políticos e atualmente é corregedor da Assembleia, responsável por investigar denúncias feitas contra os colegas.

Mesmo negando envolvimento, o parlamentar defendeu a regulamentação do jogo do bicho, citando o ex-presidente (seu aliado). “Estamos na iminência de ser legalizado o jogo. O governo vem trabalhando desde o governo Bolsonaro. O governo Lula também tem proposta na Câmara. Tem proposta no Senado... É uma maneira de o Estado arrecadar”.  

Dois assessores parlamentares do deputado foram alvos de mandados de prisão: o major aposentado da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), Gilberto Luiz dos Santos, e Diego de Souza Nunes. Neno afirma que não sabe se ambos foram levados para o Garras, grupo que apoia o Gaeco na operação, e também diz desconhecer o motivo. "Não tenho conhecimento de quem foi ou não foi no Garras. Eu sei que eu não fui", finalizou. 

DESDOBRAMENTO

Como mostramos aqui no MS Notícias, em outubro, o Gaeco prendeu o Major aposentado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Gilberto Luiz dos Santos. O preso também é assessor parlamentar do deputado Neno Razuk (PL-MS), uma de 9 pessoas flagradas numa residência em Campo Grande onde a Polícia Civil apreendeu 700 máquinas de apostas ilegais do jogo do bicho na 2ª feira (16.out.23).

Desde setembro de 2019, o jogo do bicho em Campo Grande está sem um líder específico após a operação Omertà, que prendeu Jamil Name e Jamil Name Filho, acusados de chefiar a milícia armada e a jogatina. As bancas foram retiradas das ruas, e Jamil Name morreu na prisão devido à Covid-19. Jamil Name Filho está preso e enfrenta acusações de posse de armamento ilegal, organização criminosa e mandante de assassinato. Ele e seu irmão estão sendo acusados de controlar o jogo do bicho e usar a empresa Pantanal Cap para lavagem de dinheiro, com R$ 18 milhões bloqueados pela justiça. O processo está na fase de ouvir testemunhas.

A OPERAÇÃO 

Conforme o Gaeco, as buscas fazem parte da Operação Successione, que descobriu que há uma nova organização criminosa em Mato Grosso do Sul à frente do jogo do bicho. 

A Operação teve o objetivo de cumprir 10 mandados de prisão temporária e 13 mandados de busca e apreensão na Capital sul-mato-grossense e em Ponta Porã.

A investigação do GAECO, em colaboração com o GARRAS, desvendou que a organização criminosa realizava diversos roubos à mão armada durante o dia e na presença de outras pessoas em Campo Grande (MS). "A disputa pelo monopólio do jogo do bicho local foi o contexto em que esses roubos foram cometidos", disse o MPMS em nota.  

"A organização criminosa foi descoberta com a ajuda da polícia, mas contava com policiais para a realização de suas atividades, o que a torna especialmente perigosa", observou.  

O nome da operação faz referência à disputa pela sucessão do controle do jogo do bicho em Campo Grande, com a chegada de outros grupos criminosos que migraram para a capital após a “Operação Omertà”.

*Com informações Campo Grande News.