19 de abril de 2024
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ECONOMIA NACIONAL

Inflação em 12,04%: 'pior momento já passou', diz presidente do BC

Entretanto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação aumentou entre maio e junho 

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta segunda-feira (27.jun.22) que o "pior momento" da inflação no Brasil já passou.

Campos Neto deu a declaração ao discursar no X Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação aumentou entre maio e junho deste ano e acumula alta de 12,04% nos últimos 12 meses.

"A gente ainda tem no Brasil um componente de aceleração de inflação. Os últimos dois números foram, acho que pela primeira vez, dentro da expectativa. A gente acha que o pior do momento da inflação no Brasil já passou", declarou Campos Neto nesta segunda-feira.

De acordo com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central prevê a inflação em 8,8% neste ano, portanto, acima do teto da meta.

Isso porque o Conselho Monetário Nacional (CMN) já definiu, desde 2020, que a meta de inflação deste ano é de 3,25%. Como a tolerância é de 1,5 ponto percentual, a meta será considerada cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Portanto, segundo as projeções do próprio BC, o teto da meta será descumprido pelo segundo ano seguido.

Ainda no fórum em Lisboa, Campos Neto disse que algumas medidas "desenhadas" pelo governo, como as leis que zeram impostos federais sobre combustíveis, terão impacto na inflação deste ano.

Economistas, porém, dizem que as medidas podem até conter a inflação em 2022, mas pressionarão os preços em 2023 e farão com que a inflação aumente no ano que vem (leia detalhes mais abaixo).

ALTA NOS JUROS 

O presidente do Banco Central também afirmou nesta segunda-feira que, enquanto outros países estão em "claro" processo de elevação dos juros para conter a inflação, o Brasil "já está muito perto de ter feito o trabalho todo".

No último dia 15, porém, o Banco Central aumentou para 13,25% a taxa básica de juros da economia, maior percentual desde dezembro de 2016. Este foi o 11º aumento seguido da taxa.

"Acreditamos que a nossa ferramenta é capaz de frear esse processo inflacionário, e vai frear esse processo inflacionário. E a gente acha que grande parte do trabalho já foi feito", disse Campos Neto.

MEDIDAS PARA COMBUSTÍVEIS E ENERGIA

O presidente do Banco Central também divulgou no fórum medidas adotadas por 18 países para atenuar o impacto do preço de energia sobre consumidores desde setembro de 2021.

De acordo com Campos Neto, vários países, entre os quais o Brasil, adotaram redução de tributos e fizeram transferência de recursos aos mais vulneráveis.

Campos Neto também informou que alguns países adotaram ações que mostram mais "dúvidas", como regulação de preços, e algum tipo de ação via empresas estatais.

No Brasil, em março, o Congresso aprovou — e Bolsonaro sancionou — a lei que zerou até o fim deste ano os tributos federais sobre diesel e gás de cozinha.

Além disso, também foi sancionada a lei que limita o ICMS, um imposto estadual, sobre vários itens, entre os quais combustíveis. O texto zera, neste ano, os impostos federais sobre gasolina, álcool e Gás Natural Veicular (CNV). Em todos os casos, os impostos voltam a subir em 2023.

Economistas ouvidos pelo g1 afirmam que as medidas podem até conter a inflação em 2022, mas devem pressionar os preços em 2023.