28 de março de 2024
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EDUCAÇÃO SUPERIOR

Universidade de MS "distorce" dados de vacinação ao apoiar o "volta às aulas"

Entendimento equivocado toma como base a relação de vacinados apenas com a "1ª dose"

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A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ADUFMS), denuncia que em documento oficial, em que a UFMS defende a volta às aulas presenciais na Unidade os gestores da universidade, representados pelo reitor Marcelo Augusto Turine, distorcem dados do percentual de pessoas completamente vacinadas em MS.

Na segunda, 4 de outubro, a UFMS publicou a aprovação do Plano de Biossegurança 5.0 da instituição, em que diz: “em função de Mato Grosso do Sul ter alcançado recentemente a imunização completa de mais de 70% da população, recomenda-se o retorno às atividades presenciais”. No entanto, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a quantidade de pessoas com esquema vacinal completo no estado corresponde a 59,42% da população (dados desta quarta - 6 de outubro de 2021).

O documento elaborado pela Comissão de Biossegurança por meio da Resolução 204-CD/UFMS, também não exige a apresentação de confirmação das duas doses da vacina para retorno dos acadêmicos, docentes ou funcionários da universidade.

De acordo com a ADUFMS, o entendimento equivocado toma como base a relação de vacinados apenas com a “1ª dose” e não com as doses completas. 

Ainda segundo o plano, apenas os alunos que frequentem o campus da UFMS da capital é que serão submetidos a testagem, porém, a UFMS tem 10 unidades espalhadas pelo estado. “E afirma que o procedimento será realizado em Três Lagoas quando estiver disponível a infraestrutura de análise na unidade”, sem haver previsão de data para tal. O documento também determina o uso de máscaras, as quais são estabelecidas como responsabilidade individual para alunos; e competência das empresas contratadas, em casos de funcionários terceirizados”, explicam a ADUFMs.

O documento não torna obrigatória a confirmação de imunização completa ou de vacinação, para prevenir a contaminação entre profissionais da universidade e estudantes, contrariando as orientações de especialistas e órgãos de saúde, como a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), que defendem o chamado “passaporte sanitário”.

A Comissão de Biossegurança da UFMS, constituída em 6 de maio de 2020 pela reitoria, não conta com a participação de entidades representativas da comunidade acadêmica, impedidas de compor o órgão. Por parte da ADUFMS, houve solicitação para representação na comissão, vetada pela reitoria.

O professor Dr. Marco Aurélio Stefanes, presidente da ADUFMS, disse que o clima de "volta à normalidade" é perigoso. "A situação epidemiológica ainda requer cuidado e atenção. Passar a impressão de que está tudo normal é um grave erro e pode desencadear uma terceira onda, como já aconteceu em alguns países", afirmou.

A entidade emitiu a seguinte Nota: “É com preocupação que a Associação dos Docentes da UFMS (ADUFMS) recebe a informação de que a Comissão de Biossegurança da universidade tem usado de dados falsos para respaldar a retomada das aulas em regime presencial. Vale ressaltar que tal comissão foi constituída de forma unilateral pela reitoria, sem a participação de entidades representativas da comunidade acadêmica, as quais foram vetadas pela gestão da universidade. O uso da mentira para tomada de decisões políticas, aliado à minimização da emergência sanitária causada pela pandemia de Covid-19, é mais uma mostra do alinhamento da atual gestão da UFMS ao governo genocida de Jair Bolsonaro”.