18 de abril de 2024
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CORONAVÍRUS

Vídeo: "Não estamos mais suportando tanta crueldade", diz filha ao pedir socorro à mãe

Aos prantos a filha explica que a mãe foi internada em 25 de março

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A campo-grandense Walquiria Brites Fialho, de 32 anos, veio a público por meio de um vídeo implorar por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) à mãe, Sebastiana Brites Fialho de 73 anos, internada na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Nova Bahia, na Capital. 

Aos prantos a filha explica que a mãe foi internada em 25 de março, e desde então teve piora no quadro e para não se tornar mais uma vítima da Covid-19, precisa ser levada à um leito de tratamento intensivo. “Quem estiver nesse momento me ouvindo, pelo amor de Deus... minha mãe está num estado deplorável, me ouvem por favor! É um pedido de uma filha que está aflita... por uma resposta e está vendo sua mãe a cada dia morrendo aos poucos por não ter leitos aqui no estado, eu peço a vocês, por favor me ajude. Se não tiverem um leito aqui em Campo Grande, eu peço a vocês onde tiver um leito em Mato Grosso do Sul, pelo amor de Deus me ajuda, não estamos mais suportando tanta crueldade”, implora a filha. 

De acordo com a filha, a mãe mora com a irmã que tem problemas de saúde e faz tratamento de dialise. A idosa foi diagnosticada com o vírus em 18 de março e internada dias depois. 

Segundo a filha, o irmão está assintomático à doença, e eles estavam em isolamento.

VEJA O VÍDEO 

A filha da idosa chegou a entrar na Justiça para tentar garantir o leito a mãe, mas não teve retorno até o momento. “Nós entramos com processo judiciário e não estamos tendo resposta”, explicou. 

Porém, em análise a documentação, a reportagem verificou que a solicitação na justiça já obteve resposta, o pedido foi negado. Em decisão o desembargador Jairo Roberto de Quadros afirmou “que a situação de iminente colapso do sistema de saúde deste Estado tem sido diariamente veiculada pela imprensa, destacando que os hospitais da capital se encontram com ocupação dos leitos de UTI acima dos 100%, sendo forçosa a colocação de pacientes em outras áreas do hospital para a manutenção da assistência”.

“Não se descura da seriedade do quadro de saúde apresentado pela agravante, contudo, o acatamento da pretensão em caráter liminar, nessas circunstâncias e diante do estágio atual de superlotação, traduziria-se em prejuízo à saúde de outrem, que seria privado da vaga que ora ocupa, ou igualmente anseia, a despeito de gravidade semelhante ou mais intensa, não se afigurando cabível desmesurada interferência nos critérios médicos adotados ou, ainda, na gestão política pública da saúde. O direito a saúde é de todos e, diante do momento em que vivemos, decorrente da pandemia, não se pode ignorar o interesse coletivo, enfim, o periculum in mora inerente também à coletividade”, justificou o juiz ao negar a transferência.

Há cerca de 19 pessoas entubadas em UPAs da Capital, e de acordo com a Sesau, ainda não há previsão de transferência de dona Sebastiana porque há uma fila de 121 pessoas à espera de leito só na Capital e muitos casos estão mais graves ainda. A paciente está recebendo oxigênio e os cuidados necessários.