Dimas Covas, que é diretor do Instituto Butantan, será ouvido hoje (27.mai.2021) pela CPI da Pandemia no Senado, com requerimento de convocação que foi assinado, segundo informações da Agência Senado, pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O
“É necessária a oitiva do senhor Dimas Tadeu Covas para que esclareça todos os detalhes da atuação do Instituto Butantan desde o início da pandemia, especialmente com relação à produção de vacinas”, disse o senador à Agência Senado.
Professor titular de Medicina Clínica da Faculde de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Covas está à frente do Butantan desde 2017. Foi ele o responsável por firmar acordo, ainda em junho de 2020, com a farmacêutica chinesa para que fosse desenvolvido clinicamente o imunizante anticovid.
Em 17 de janeiro de 2021 a Coronavac passou a ser aplicada na população, diante de confrontos entre o governo federal e o primeiro comprador da vacina, o governo do estado de São Paulo.
Resultado da associação do Butantan com a Sinovac Biotech (fabricante de medicamentos), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da CoronaVac no Brasil com base em resultados dos testes e estudos clínicos que começaram em julho de 2020 em seis estados e no Distrito Federal.
OUTROS ASSUNTOS
Há em pauta ainda a paralisação da distribuição, por parte da China, do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) necessário para o processamento final de doses da Coronavac. Supostamente a crise diplomática foi causada pelos ataques da ala de Bolsonaro ao país, em especial as críticas feitas pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo e o próprio Jair Bolsonaro.
"Um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano ingerir um animal inadequado, mas tá aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês", disse o presidente durante uma ocasião, em clara alusão à China.
Segundo Agência Senado, Ernesto Araújo foi ouvido pela CPI em 18 de maio, quando negou que a condução da diplomacia brasileira durante sua gestão tenha prejudicado a compra de vacinas e insumos, especialmente os vindos da China.
Enquanto Kátia Abreu (PP-TO) afirmou que o ex-chanceler deixou de fazer referência, durante o depoimento, às citações anteriormente publicadas em blogs e redes sociais contra a China e o governo chinês.
Dimas Covas já creditou culpa ao governo de Bolsonaro pelo atraso das vacinas em outras oportunidades. "Dependemos da chegada dessa matéria-prima, o quanto antes para regularizar as entregas ao Ministério. E todas essas idas e vindas do governo federal obviamente que tem um impacto no rítmo de liberação" e "pode faltar e nós temos que debitar isso ao nosso governo federal, que tem remado contra. Essa é a grande conclusão", apontou em duas ocasiões.
Os senadores devem abordar ainda o desenvolvimento da ButanVac, que é a vacina feita no Brasil, através de uma tecnologia que trabalha a inoculação do vírus em ovos embrionados de galinhas. Na 2ª feira (24.mai.2021) o Butantan encaminhou à Anvisa mais uma remessa com informações a respeito do início da imunização com essa vacina.
