Senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia têm em mãos um documento intitulado "Orientações do Ministério da Saúde para manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19", datado de setembro de 2020.
Segundo expôs o jornalista Ricardo Noblat, do Metrópole, o documento - que é referente à data em que o general Eduardo Pazuello comandava a pasta - é "ouro puro". Seriam 19 páginas com 13 considerações iniciais que justificam o uso de cloroquina, com base em trabalhos, como por exemplo, do atual ministro da Saúde.
Das considerações para justificar o uso do kit chamado de "tratamento precoce", entre outras, estão:
- Considerando que até o momento não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a COVID-19;
- Considerando que alguns Estados, Municípios e hospitais da rede privada já estabeleceram protocolos próprios de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratamento da COVID-19;
- Considerando a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde, e que não existe, até o momento, outro tratamento eficaz disponível para a COVID-19;
Vale lembrar que Eduardo Pazuello já depôs à CPI, mas não admitiu que esse documento existisse ou que drogas ineficazes foram usadas no tratamento de crianças, entretanto, entre as considerações aparece a seguinte recomendação:
"Em crianças, dar sempre prioridade ao uso de hidroxcloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina".
Ainda, o atual ministro da saúde é citado ao pé do documento, que lista 67 trabalhos (supostamente) científicos para dar base à prescrição da cloroquina e demais fármacos.