23 de abril de 2024
Campo Grande 28ºC

VAZA JATO

Moro teria indicado testemunhas de Campo Grande para 'pegar' Lula

Revista revela conversas entre o ex-juiz e o procurador em que combinam forjar denúncia anônima

A- A+

Veja revela que testemunha indicada pelo ex-juiz Sérgio Moro, à força-tarefa da Lava Jato para reunir provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seria um empresário e um técnico em contabilidade moradores de Campo Grande. 

Neste final de semana a revista Veja passou a divulgar as conversas vazadas pelo The Intercept Brasil. O teor das revelações mostra que o agora ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, teria trocado mensagem com o procurador Deltan Dallagnol, em 15 de dezembro de 2015, à época indicando que testemunhas de Campo Grande (MS), estariam dispostas a revelar transações de imóveis envolvendo um dos filhos de Lula.  

Ainda segundo revelações, Moro sugeriu que Deltan procurasse, Nilton Aparecido Alves, de 57 anos, ele que é técnico em contabilidade, teria feito escritura de vários imóveis para o filho de Lula. “Seriam dezenas de imóveis”, afirmou o juiz, conforme conversas divulgadas pelo The Intercept Brasil.

No entanto ao ser procurado pelo Ministério Público Federal do Paraná, Nilton não se pronunciou. Aí Dallangon voltou a falar com Moro e disse. "A testemunha arriou". "Ela disse que não tem nada a falar", comentou com Moro. 

Na sequência, o chefe da Lava Jato contou que pressionou o técnico em contabilidade. “Quando dei uma pressionada, desligou na minha cara”, contou.

Na tentativa de fazer Nilton falar, Moro e Dallagnol chegaram a discutir sobre uma denúncia anônima forjada, com intuito de levar o técnico em contabilidade a ser obrigado a depor sobre a suposta compra de propriedades da família Lula.  

O então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba aponta quem seria o responsável pela revelação, o empresário Mário César das Neves, dono de posto de combustíveis na Capital. Procurado pela revista, ele confirmou ter falado com o MPF sobre Nilton, de quem teria tomado conhecimento por meio de funcionário.

No entanto, ele negou que tenha ouvido a história sobre as transações envolvendo o técnico em contabilidade e o filho de Lula.

Esta conversa entre Moro e Dallagnol é a mais grave contra o ministro, porque o juiz, pela Constituição, não pode tomar parte no julgamento e orientar uma das partes. O registro mostra que ele orientou a força-tarefa da Lava Jato.

Procurado pela revista Veja, Nilton Aparecido Alves negou a história. “Não sei por que meu nome está nesta história. Alguém deve ter falado alguma coisa errada”, afirmou.

No ano passado, ele foi um dos 58 alvos da Operação Grãos de Ouro, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado), que teria apontado sonegação de R$ 44 milhões em ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços).

Na ocasião, os promotores recolheram escrituras, agendas, extratos bancários e pen drives no escritório de Nilton, que fica no Centro da Capital. A apreensão não teve qualquer ligação com a Lava Jato, também não há história de que os investigadores tenham encontrado qualquer prova envolvendo a família de Lula.

As conversas reforçaram o pedido da defesa do ex-presidente para pedir a suspeição de Moro, que o condenou a prisão pelo triplex do Guarujá. O caso será analisado pelo Supremo Tribunal Federal no retorno do recesso de julho.

Fonte: O Jacaré