26 de julho de 2024
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Uma questão de análise

O dinheiro do casal e outras formas de divisão do poder

O dinheiro do casal e outras formas de divisão do poder

Dizia Freud, em seus Artigos sobre técnica, que dinheiro é metáfora de afeto. Já se passaram mais de 100 anos desde então, e a frase segue atual. Sabemos que algo é muito significativo para alguém pelo tempo e pelo valor financeiro que gasta em função disso. Muito comumente, irmãos e irmãs travam disputa aberta pelos valores que os pais gastam com cada um dos filhos como forma de tentar equacionar o direito ao amor e à igualdade de sentimentos a eles destinados. Dentre os casais, isso não se dá de forma diferente.

Há muitas formas de dividir os recursos entre um casal, bem como o poder de gestão sobre eles, e isso diz muito mais do que simples cifras bancárias. Não se trata aqui de fazer uma crítica a essa ou aquela forma de divisão e gerência dos recursos, mas apenas alertar algo que a clínica psicanalítica nos ensina ao longo dos anos: é muito mais do que apenas dinheiro o que se divide. Por exemplo, casais que instituem um dos sujeitos como o/a único/única a tomar decisões sobre seus recursos pode instituir, a partir disso, uma relação de dominação. Se apenas eu decido o que é justo ser gasto, também sou eu que provavelmente decidirei o que é justo ou não de ser vivido, consumido, usufruído e assim por diante. Ou se reservamos o “meu dinheiro” separado do “seu dinheiro”, podemos fazer incluir na vida conjugal um modo de disputa ou de reserva ao direito de “pequenos prazeres” que deixam de ser vividos em conjunto, ou negociados. “Comprei com o meu dinheiro” é uma forma de estabelecer um poder segundo o qual uma parte da vida só pode ser desfrutada por um, em detrimento dos outros.

Saber disso é muito importante, sobretudo para aqueles que tem filhos ou pensam em tê-los. Isso porque as crianças são muito sensíveis e compreendem rapidamente a lógica da distribuição do poder. Se esse brinquedo é seu e você não quer compartilhar, a resolução do conflito se dá através de uma dinâmica de poder. Faz-se necessário, então, elaborar estratégias: a ajuda de pais ou outras crianças, a barganha, a troca, enfim, a negociação. Essas estratégias elas não são necessariamente inventadas, mas elas podem ser observadas. Logo, a maneira como se partilha ou se reserva os recursos numa família também é a porta de entrada das crianças no universo dos bens e direitos da vida pública. Se for do seu interesse que a criança assimile valores mais justos e também tenha acesso à liberdade e à igualdade, saiba que isso se constrói nas pequenas contas do dia-a-dia. Acertar as contas entre um casal hoje é uma forma excelente de estabelecer uma relação sadia com os filhos no futuro. E pode ter certeza: um dia a conta chega, porque esse boleto nunca atrasa.

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