08 de maio de 2024
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Amigos de Gilmar Olarte pavimentam o caminho da CPI

Embora demonstre boa vontade em resolver problemas da Capital, falta a Olarte nomes para assumir secretarias, mas definitivamente ele parece estar sendo minado por quem se diz seu amigo

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Enquanto o prefeito Gilmar Olarte luta em diversas frentes na tentativa de findar seu mandato em condição de concorrer no pleito de 2016 com alguma chance de enfrentar os oponentes, seus auxiliares mais diretos, talvez por incompetência administrativa, ou má-fé, parece que pretendem desarticular a administração à qual pertencem.

Alcides Bernal (PP) foi eleito num universo quixotesco, por uma população que queria ver tombado o moinho, sempre o mesmo, sempre no mesmo lugar, mais determinando o vento do que sendo determinado por ele, o mesmo moinho que Quixote via como um dragão e os eleitores passaram a enxergá-lo assim também. O ex-prefeito provocou estragos, quebrou as pás girantes, mas percebeu-se acompanhado apenas de um abnegado Sancho Pança, sem exércitos para, depois de vencida a primeira batalha, vencer por fim a Guerra. Deu no que deu.

Agora, Gilmar Olarte é o general Brancaleone desse exército, mas bem-intencionado. Mas se Brancaleone era acompanhado de sua fiel “Armata” - o bando de maltrapilhos ladrões que o seguem com a promessa de muitas riquezas no futuro feudo do General -, resta saber quem e quais são os comandantes de Olarte.

Sua comunicação não funcionou, mas ele não conseguiu desvencilhar-se das pessoas, recuperou apenas os cargos e, aquele que foi defenestrado da administração, mas não de seu grupo, continua agindo como se pairasse acima e além da realidade, continuamente provocando estragos e tornando o prefeito quase que motivo de chacotas. Os outros perderam seus postos, mas não seus soldos.

A cultura é a própria imagem do Faroeste Macarrônico, e tem muito a ver com isso. Baixo orçamento e a pretensão de forçar eventos distantes, muito distantes da cultura que representa a Capital onde está inserida, administrada nos velhos moldes de que eventos devem agradar aos nobres e distanciar-se da plebe. Numa estranha e inversa matemática administrativa, entende que aqueles que pertencem ao universo cultural basta o espaço que lhes é oferecido, barganhando valores em troca de visibilidade.

Mas o caso, ou o caos, mais grave é o que deveria dar uma estrutura minimamente descente para a Capital. A Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) sob o comando do escudeiro Valtemir Alves de Brito, o Kako, que teria um importante papel na pavimentação da candidatura Olarte para as eleições de 2016, tem permitido não apenas que se abram buracos nesta estrada, mas tem se esforçado em cavar, afundar, alargar e transformar em crateras intransponíveis esse e todos os caminhos possíveis.

Alvo de uma CPI que ronda e assombra o gabinete do prefeito, o secretário ainda expõe toda a administração quando se mostra perante uma audiência, ou reunião como preferem alguns, sem a menor base para responder os mais simples questionamentos a respeito da pasta pela qual responde. Não, não basta. Vai além. Não envia os documentos prometidos no prazo prometido e o rabisco de planilha que envia aos vereadores vai repleta de erros primários. Ainda assim, não basta. Joga aos leões o líder do Prefeito na Câmara, que não pode se proteger, como faz o secretário, dentro do bem guardado gabinete. A competência do vereador Edil Albuquerque se vê com a difícil missão de defender o indefensável Kako.

Olarte é um grande amigo ingênuo ou é um administrador sem forças para se desvencilhar daqueles que vem implodindo sua administração. Se o prefeito conta, ainda, com o apoio de boa parte dos vereadores, é difícil supor que não consiga indicação de nomes capacitados para as funções que estão inoperantes ou mal intencionadas. Justificar erros primários como a planilha mal elaborada é impossível, usar o argumento de que os documentos não foram entregues porque são muitas cópias a serem tiradas, pior, uma vez que não lhe faltam funcionários à disposição.

Para o prefeito, os mais ponderados defensores, não de seu governo, mas da própria saúde da democracia, repetem um aviso: “Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”. Outros, que já esmorecem quando veem seus esforços serem pulverizados pela incompetência ou má-fé de alguns, o aviso do sempre genial Barão de Itararé: “Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo”.

Talvez sob a ameaça de uma CPI que venha a abalar a desacertada administração municipal, Olarte deva repensar o círculo de “amigos” que desde muito o rodeia e hoje são seus companheiros no banco dos réus. Também ai vai o alerta de Millôr Fernandes: “Diga-me com quem andas e dir-te-ei que és. Pois é: Judas andava com Cristo. Cristo andava com Judas”.