‘MITO’: Tendo sido usual esse termo no cenário político nos últimos 4 anos, vale citar alguns dos sinônimos: quimera, absurdo, aparência, devaneio, fábula, fabulação, fantasia, fantasma, fantasmagoria, faz de conta, ficção, ilusão, imaginação, lenda, invenção, sonho, utopia, visão, desatino. Qual significado seria compatível com o perfil de Bolsonaro?
BOM SABER: Temos a maior reserva de calcário do país — Bela Vista lidera a produção seguida de Bodoquena. De 2016 a 2022 aumentamos a produção do calcário em 144%, mas ainda importamos o produto de Minas Gerais e Paraná. Onze pedidos de concessão de lavra em andamento. Os reflexos na construção civil (cal e cimento) e na agricultura são positivos.
RIEDEL & LEI: "Não podemos aceitar nenhum tipo de violência, de depredação, seja de patrimônio público ou privado. E temos caminhado no sentido de buscar união, de trabalhar juntos para dar o que as pessoas querem que é resultado. Acho que essa é a ordem que a gente tem que fazer valer daqui em diante: a pacificação".
RESSURREIÇÃO? A senadora Soraya Thronicke (União Brasil) surfa no episódio da invasão para ganhar espaço na mídia — embora até aqui a atuação institucional da ex-aliada de Bolsonaro seja opaca, sem benefícios ao MS. Eleitoralmente a ideia da CPI é um bumerangue, um tiro no pé dela, pela notória tendência anti-PT de seus ex-eleitores.
1-REAÇÕES: Cada deputado da terra com sua opinião sobre o episódio de Brasília. A visão deles vai de encontro a sua posição política. Quem se elegeu na esteira do discurso de Bolsonaro tem se manifestado naturalmente contra eventuais excessos do ativismo judicial e de setores da grande mídia na abordagem dos acontecimentos referidos.
2-REAÇÕES: Como previsto, os partidários do Governo Lula usaram das mídias sociais principalmente para condenar a invasão com direito a manifestações entusiásticas na Avenida Afonso Pena. Aliás, há tempos que essa militância — com adesão de entidades diversas — estava ausente de nossas ruas. Mas isso faz parte do cardápio eleitoral.
GANHOS: Sem dúvida que o Presidente Lula saiu ganhando politicamente, inclusive no exterior, fortalecendo sua imagem popular na carona da postura inconveniente de seu antecessor. Não é preciso ter bola de cristal para prever que o fato será exaustivamente explorado, vitimizando a figura de Lula exposta inclusive como o reconstrutor do país.
ECONOMIA: Ponto chave de toda gestão. O mercado financeiro é severo: 2 + 2 sempre é 4. Há desconfiança sobre o ‘teto de gastos’. Especialistas e investidores manifestam reticência quanto à pretensão utópica governamental. Isso provocaria rachaduras no projeto milagreiro do almoço grátis. Deus é brasileiro, mas o mercado é ateu.
SINAIS: Já aparecem: Lula se mostra centralizador. E embora eleito por uma frente ampla de siglas e lideranças, mostra-se disposto a manter a esperada hegemonia do PT em cargos chaves na administração. Não será fácil administrar os desejos e tendências de setores da esquerda e atender aliados do centro. Mas vale o conceito: companheiro é companheiro.
REALIDADE: É diferente de antes, quando o PT só enfrentava oposição pra valer nas eleições. Fora disso era apenas perfumaria no Congresso. Hoje o bolsonarismo mostra militância com forte base social. O Brasil continuará rachado? Se depender da insistência de Lula em criticar o antecessor — sem bradar a varinha mágica da economia — sim!
E AGORA? Gasolina na fogueira. Parlamentares bolsonaristas na mira do Ministério da Justiça acusados de postagens na internet em apoio às manifestações em Brasília. A matéria é complexa e enseja questionamentos. Daqui — Luiz Ovando (PP), Marcos Pollon (PL), João H. Catan (PL), Rafael Tavares (PRTB) e Tiago Vargas (PSD), vereador em Campo Grande.
‘NO BUTANTAN’: O Governo sabe que precisa reverter o quadro no Congresso para viabilizar seus projetos. Lula apoia a reeleição de Rodrigo Pacheco no Senado que deve enfrentar o ex-ministro bolsonarista Rogério Marinho. Esse, com o apoio de 6 senadores do PP de Arthur Lira — que como compensação seria reeleito à presidência da Câmara.
TRÉGUA? Na última semana não ocorreram manifestações de petistas descontentes com os critérios e escolhas de Secretários de Estado pelo governador Riedel. Afinal, muitos deles já viabilizam, (ou atuam para isso), bons cargos em Brasília. Alguns preferem atuar em órgãos federais aqui no MS, por comodidade pessoal. Sabe como é!
DIFERENTE: Quem não se lembra dos embates verbais entre os ex-governadores Zeca do PT e André Puccinelli (MDB)? Saia faísca! Pela sua verbalização latina, André não baixava o tom, fermentando a discussão, diferentemente de Riedel que não se deixa levar pelo emocional. Sua fala sobre o caso de Brasília, por exemplo, clama por pacificação.
A TRINCHEIRA: Para os petistas ela estará na Assembleia Legislativa onde Zeca do PT promete forte oposição ao Governo. O futuro cenário acena a preocupação do futuro líder do Governo no Legislativo na missão de rebater os argumentos da oposição. Aliás, não há nome certo para a liderança governamental. Dele exige-se sobretudo experiência.
ALERTA: Em 1982, embora com 12 deputados, o MDB viu Nelson Buainain, seu candidato à presidência da Assembleia Legislativa ser derrotado por Gandi Jamil graças ao voto dissidente de Cecílio Jesus Gaeta. O exemplo de 40 anos atrás mostra as facetas das negociações que ocorrem nos bastidores também neste tipo de eleição.
VINGANÇA: Aquela derrota inesperada repercutiu negativamente no cenário político e ficou entalada na garganta do governador Wilson Martins. A sua vingança demorou 4 anos, mas veio de forma letal. Embora tenha sido mandado, Gaeta não conseguiu legenda do seu partido (MDB) comandado por Wilson e não pode disputar a reeleição. Foi pra casa.
DEPUTADOS por ordem de votação em 1982: Gandi Jamil, Jonathan Barbosa, Onevan de Matos, Roberto Orro, Londres Machado, Akira Otsubo, Valter Pereira, Leite Schimidt, Aires Marques, Ivo Cersósimo, Anis Faker, Zenóbio dos Santos, Walter Carneiro, Benedito Leal, Daladier Agi, Nelson Trad, Valdir Pires, Nelson Buainain, Manfredo Corrêa, Cecílio Gaeta, Ary Rigo, Armando Anache, Djalma Barros e Arthur do Amaral.
ELEIÇÕES 2023: Todos os deputados estaduais em condições de tentar qualquer um dos cargos da mesa diretora. Evidente, alguns fatores pesam: a questão partidária, o bom trânsito com os colegas e o apoio do Executivo. Mas até o pleito, a movimentação nos bastidores será intensa. Todos os dias com novidades sobre as articulações. É o jogo.
NA MÍDIA: O ex-governador André Puccinelli (MDB) — após o último embate eleitoral — visto no vídeo ao lado de seus familiares desejando Feliz Ano Novo. Na outra ponta, o ex-governador Reinaldo Azambuja e a esposa Fátima com postagens diversas no facebook. Entendi: 2 políticos dizendo ao eleitor: “Onde você estiver — não se esqueça de mim...”
‘ATIVO’ ou célere, ágil, diligente, despachado, lépido, acelerado e ligeiro. Qualquer um dos termos cai como uma luva para definir o estilo do vice-governador José C. Barbosa. Como previsto, a exemplo de sua postura como deputado estadual e em outros cargos públicos que exerceu, vai ocupando seu espaço institucional e político na atual gestão. Não chegou onde está por acaso.
PÍLULAS DIGITAIS:
"Deus é o caminho, o pastor o pedágio". (na traseira de um caminhão).
"Me sinto um pouco destruído". (Ministro Gilmar Mendes).
"É preciso que as pessoas ricas paguem mais imposto". (Lula).
"O céu é o limite para o PT". (Eduardo Cunha).
"A comissão faz o ladrão". (Jô Soares).
"No Brasil de hoje os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado". (Chico Anysio)
"O homem é um insaciável sumidouro de vaidades que se alimenta da admiração, mais frequentemente da inveja, que consegue provocar". (Vittório Medioli).
"Eu não entendo nada de política. Mas percebo todas as politicagens". (Millôr Fernandes).
AUTOR: Manoel Afonso é advogado e jornalista, comentarista da TV-Record-MS e da Rádio Cidade, titular da coluna publicada em dezenas de sites da capital e interior. há mais de 20 anos.