‘OBSERVATÓRIO’: Nas eleições das mesas diretoras dos legislativos, sempre há negociações envolvendo outros cargos como consolo. Quem num acordo desiste de uma candidatura ficaria com ‘crédito compensação’. Nestas eleições da Alems, por exemplo, deve se repetir o ocorrido em pleitos anteriores. Sem espantos inocentes. Faz parte.
É NORMAL: Não é preciso construir catedrais de linguagem para falar das candidaturas na Assembleia Legislativa. Os 24 deputados tem o mesmo direito. Vencerá quem transitar melhor, agregar simpatia, carisma e prestígio partidário. Precisamos nos acostumar com o jogo democrático, às vezes até viciado, mas ainda o melhor existente.
INCOMPREENDIDOS: Às vezes o eleitor comum, sem intimidade com o clima do parlamento não entende, discorda da posição desse ou daquele deputado. Fatores mais influentes ficam submersos em certas votações como na eleição da mesa diretora e projetos de interesse do governo. A postura do deputado na campanha nem sempre se repete no mandato.
EQUILÍBRIO: Se na campanha eleitoral Riedel já mostrara essa faceta, agora repete-se a postura nas decisões administrativas, nas tratativas com a sociedade e nas relações com o público em eventos no dia a dia. Só tenho ouvido elogios sobre a facilidade de Riedel em se adaptar à liturgia do cargo. E mais: ele é técnico, calmo – mas não é lento.
SERGIO MURILO: Presidente local do Podemos fez o raio X da sigla. Em 2022 elegeu 6 senadores, 12 deputados federais e 28 deputados estaduais (um no MS). Em 2020 foram 1524 vereadores e 99 prefeitos. No final de 2022 fundiu-se ao PSC. Engenheiro, Sérgio preside o Rádio Clube e constrói um grupo político. Sonha e não se omite. Tem seu valor.
MUDANÇAS: As velhas e suspeitas coligações de ocasião deram lugar as federações de caráter nacional, mais duradouras, dando sobrevida as siglas nanicas e o acesso ao Fundo Partidário. Os partidos ficarão alinhados nacionalmente no mínimo por 4 anos (tempo do mandato) valido para os cargos proporcionais e majoritários. Mas as siglas preservam a identidade e autonomia.
QUESTÕES: Três federações estrearam no pleito de 2022 e outras devem ocorrer em 2024. Será um desafio para o novo sistema porque nos municípios há tradicionais grupos políticos antagônicos que serão obrigados a ‘deitar com o inimigo’ por decisão superior. Essas uniões a contragosto até provocam desconforto mas elas não são eternas.
EFEITOS: Antes, o partido era um em Brasília e outro nos Estados. Diferentes das coligações, as federações dificultam a união de partidos ideologicamente distintos. Antes os partidos eram companheiros num município e adversários na cidade vizinha ou em outro Estado. É o fim dos ‘partidos de aluguel’ com ‘donos’ que cobravam caro para eleger um candidato.
EXPECTATIVA: Muito cedo para dizer como serão as composições das federações partidárias para as eleições municipais de 2024. Estamos no início de um governo federal e a classe política – diante de tantos fatos ocorridos e do clima de expectativa – mantém cautela esperando as eleições para o Senado, Câmara e a formação das suas comissões.
ENFIM JUNTOS! PSDB e MDB devem retornar ao papo de se juntarem. Na Câmara são 18 deputados do PSDB & Cidadania, e o MDB com 42. No Senado são 4 ‘tucanos’ e 9 do MDB. A hipótese gera expectativa aqui no Estado. O deputado Beto Pereira (PSDB), já defende a união, mas o ex-governador Puccinelli não vê com bons olhos a ideia.
BORBULHAS: A presença de Eduardo Rocha no Governo Riedel é significativa. Fomenta o racha visível no MDB – isola, enfraquece Puccinelli, estabelecendo uma ponte com o Planalto através da ministra Simone Tebet. O jogo vai sendo jogado de olho nas eleições municipais que formatarão os projetos e as bases eleitorais para o futuro.
BOM SABER: O PSD, 42 deputados federais e 11 senadores na mira da federalização. Mas é cedo para saber com quem. Gilberto Kassab não abre o jogo. Em termos locais o plano do MDB seria atrair o vereador Carlão (PSD) (presidente da Câmara de Campo Grande) e viabilizá-lo candidato a vice prefeito na chapa encabeçada por Beto Pereira.
SEM ILUSÕES: A dimensão das bancadas no Congresso impacta no financiamento dos partidos. A maioria do Fundo Partidário é dividida entre as siglas proporcionalmente a votação para a Câmara Federal. O tamanho das bancadas influencia na atuação parlamentar, pois as presidências das comissões e as vagas na mesa são escolhidas pela proporcionalidade de votos.
O JOGO: Muito mais perguntas do que respostas na atual conjuntura. O que estaria passando na cabeça das lideranças dos principais partidos? Eles sabem da importância de eleger seus cabos eleitorais das bases. Prefeitos e vereadores são os pilares de sustentação, o oxigênio político que sustenta o mandato dos parlamentares estaduais e federais.
SINTONIA: É o que não pode faltar entre esses parlamentares e as lideranças de seus municípios na análise da viabilidade de integrar uma federação partidária. Nas cidades interioranas a política está presente 24 horas por dia de todos os seus segmentos sociais. Todo fato tem sua narrativa política. Vereadores e prefeitos deveriam ser ouvidos.
FERIDAS: Nas cidades do interior a cicatrização demora. Cada eleição deixa marcas, mágoas - tornando a convivência social do dia a dia difícil. Não é como simplesmente passar o apagador na lousa e começar do zero esquecendo as velhas diferenças e rixas pessoais. É neste ponto que poderá haver dificuldades das federações partidárias.
COMPOSIÇÃO: Da futura Câmara dos Deputados: PL 99 – PT/PCdo B/ PV 80 – União Brasil 59 – PP 47 – MDB 42 – PSD 42 – REP 41 – PSD/Cidadania 18 – PDT 17 – PSB 14 –PSOL/Rede 14 – Podemos 12 – Avante 7 – PSC 6 – Patriota 4 – Solidariedade 4 – Novo 3 – PROS 3 – PTB 1. Os dados divulgados pela Agência Câmara.
SENADO: PL 14 – PSD 11 – MDB 10 – União Brasil 10 – PT 9 – Podemos 6 – PP 6 – PSDB 4 – Republicanos 3 – PDT 3 – Cidadania 1 – PSB 1 – PROS 1 – PSC 1 – REDE 1. Para as 27 vagas disputadas a taxa de reeleição foi de 38,5%. Dos 13 senadores que tentaram a reeleição só 5 obtiveram êxito. Sete senadores não disputaram qualquer cargo.
GOLPISTAS? Lula morde a língua e chama de golpe o impeachment da ex-presidente Dilma. Conclusão: quem votou a favor da medida seriam golpistas como os ministros Simone Tebet (MDB) do Planejamento; André de Paula (União Brasil) – da Pesca e Juscelino Filho (União Brasil) das Comunicações. Por tabela atinge também seu vice Alckmin e Temer, seu eleitor.
LIDERANÇA: O poder é para os fortes. Antônio C. Magalhães se elegeu governador da Bahia em 1971, 1979 e 1990. Em 1986 perdeu para Valdir Pires, mas não deixou seus eleitores órfãos. ‘Não foi para Miami’. No primeiro dia de governo de Waldir - ACM bradou no rádio: “Acorda Waldir moleza! Está na hora de trabalhar. ” Resultado: em 1990 voltou ao poder.
APITO FINAL:
“Não era nada ruim aquele tempo em que tudo era bom”. (Nelson Padrella)
AUTOR: Manoel Afonso é advogado e jornalista, comentarista da TV-Record-MS e da Rádio Cidade, titular da coluna publicada em dezenas de sites da capital e interior. há mais de 20 anos.