19 de abril de 2024
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PROCESSO SELETIVO | EDUCAÇÃO

Após disparidade em questões de prova, SED reunirá com arte-educadores

Processo seletivo excludente à Teatro e Dança e com prova em preto e branco pedindo para analisar obra de arte colorida

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Representantes docentes de cursos superiores da área de artes em Mato Grosso do Sul se reunirão com a Secretaria de Estado de Educação (SED-MS), nesta quinta-feira (25.nov.21), para debater o processo seletivo para professores/as temporários da Rede Estadual de Ensino (REE), cujas avaliações foram realizadas no último dia 15 de novaembro.

Em denúncia feita aqui no MS Notícias, arte-educadores apontaram a falta de paridade na avaliação que visa admitir profissionais para a disciplina de Arte. A reunião é resultado de um pedido da Associação Sul-Mato-Grossense de Arte-Educadores (Asmae). 

A avaliação, que foi aberta a pessoas com formação superior tanto em Artes Visuais quanto Música, Artes Cênicas e Dança, trouxe apenas questões sobre artes visuais, não contemplando candidatos/as formados/as em outras áreas artísticas.

A aplicação das provas ocorreram em Campo Grande e em Dourados e exigia dos/das candidatos/as a Licenciatura em Artes Visuais, Artes Plásticas, Artes Cênicas, Dança ou Música, mas das 14 questões, 12 eram sobre Artes Visuais, duas sobre Música e nenhuma sobre outras linguagens artísticas. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização (SAD-MS), 28.647 pessoas se inscreveram no processo.

A professora Dra. Vera Penzo, presidente da Asmae e docente no curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), afirmou que muitas pessoas foram prejudicadas. “A arte tem vários campos. Os principais são as visuais, a música, o teatro e a dança. Há uma luta antiga nossa para que exista equidade nessas questões. Mas quando existe uma discrepância desse tipo, se torna algo bastante problemático. Desmerece algumas áreas, favorece outras”, apontou.  

Vera destacou que, apesar de o curso de Artes Visuais da UFMS ter sido por anos o único com formação artística no estado, o contexto atual não justifica que outras áreas sejam prejudicadas, já que existem diversos cursos. “O que a gente propõe é que deveriam haver provas para cada uma das áreas específicas. A gente até entende que não tenha havido porque existiam poucos cursos há 20 anos, mas o cenário hoje é diferente. É preciso que haja um respeito à formação dos professores”.

A presidente da Asmae também apontou que o ideal seria que, nas escolas, houvesse a oferta de disciplinas sobre todas as principais áreas da arte, ministradas por docentes com formação específica. “Com minha formação, não posso dar aula de música, por exemplo. Não conheço a linguagem, é quase a mesma coisa de pedir para uma pessoa de língua inglesa para ensinar espanhol. É uma linguagem. Por exemplo, a música é diferente do teatro. Existe toda uma gama de teorias e de pesquisas que são muito específicas de cada área”.

O professor Dr. Sérgio Bonilha, que leciona nos cursos de bacharelado e de licenciatura em Artes Visuais da UFMS, afirma que há uma falha ao não serem oferecidas quatro provas direcionadas para as diferentes linguagens. “Mostra uma falta de diálogo com a Asmae ou qualquer outra associação para tentar atender a solicitações históricas da categoria”.

O MS Notícias procurou a SED dois dias após a realização da prova (24h desde a denúncia no portal e repercussão), momento em que a SED disse que a responsabilidade do exame era da Secretaria de Administração e Desburocratização (SAD). A SAD, porém, disse que para que as questões estivessem em paridade na prova, deveria, então, isso ter sido orientado com atecedência pela SED. Veja AQUI esta reportagem

Conteúdo alterado às 18h30 de 24 de novembro de 2021.