05 de dezembro de 2025
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GOLPISTAS!

Bolsonaro reconhece 'crimes' de Eduardo e pede para o filho ficar nos EUA

Sem apresentar provas de inocência, Bolsonaro limitou-se a repetir frases de efeito e desacreditar a Justiça, o que se tornou padrão em sua retórica desde que perdeu a eleição

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Jair Bolsonaro (PL) armou uma coletiva de imprensa nesta 5ª feira (17), no seu estilo de encenação política, alegando inocência e indiretamente reconhecendo a conspiração do filho contra a nação nos Estados Unidos.

A coletiva ocorre dias após a Procuradoria-Geral da República reiterar o pedido de condenação por tentativa de golpe encabeçado por Bolsonaro após sua derrota nas urnas em 2022. 

Agira inelegível pelos crimes cometidos quando esteve chefiando o executivo federal, Bolsonaro alegou que é “inocente” e que a possibilidade de ser preso “não passa pela [sua] cabeça”.

A PGR acusa Bolsonaro de crimes graves: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa — crimes que, somados, podem levá-lo a mais de 40 anos de prisão.

Em sua encenação no Senado, Bolsonaro repetiu que está sendo alvo de uma “injustiça”, tentando reverter a narrativa com apelos políticos vazios.

Sem apresentar provas de inocência, Bolsonaro limitou-se a repetir frases de efeito e desacreditar a Justiça, o que se tornou padrão em sua retórica desde que perdeu a eleição.

Na mesma fala, defendeu o exílio voluntário do filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente vive nos Estados Unidos e se licenciou do mandato na Câmara.

Segundo Jair, o deputado federal não volta ao Brasil porque seria preso pela Polícia Federal, admitindo de forma indireta a gravidade dos atos atribuídos ao filho, incluindo conspiração que resultou na 'Taxa Bolsonaro' de 50% imposta por Donald Trump a economia brasileira, além de interferência do Republicano na soberania do Brasil.  

Eduardo fugiu para os EUA desde o agravamento das investigações sobre articulações golpistas feitas por aliados do ex-presidente, que têm no cerne a ex-família presidencial.  

A presença de Eduardo nos EUA não é casual: ele vem participando de eventos com extremistas de direita, dando entrevistas em inglês e mantendo contatos com grupos conservadores internacionais.

A atuação do deputado licenciado no exterior tem sido interpretada por especialistas como uma tentativa de manter viva a rede de desinformação e conspiracionismo bolsonarista, longe do alcance da Justiça brasileira.

Jair Bolsonaro, por sua vez, segue atuando politicamente mesmo inelegível, transformando cada investigação em palco para ataques e para alimentar sua base mais radicalizada.

A coletiva de hoje reforça o padrão: negar, acusar, distorcer — sem jamais prestar contas com a verdade dos fatos.

Enquanto a Justiça avança, os Bolsonaro recorrem a expedientes internacionais, discursos vazios e truques de palco para fugir das consequências legais de seus atos.

O país assiste a um ex-presidente acusado de atentar contra a democracia tentar posar de vítima, enquanto o filho se refugia em solo estrangeiro com ares de mártir de um processo que ele próprio ajudou a construir.