A Polícia Federal investiga a pecuarista Maribel Schmittz Golin, de 59 anos, por suspeita de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ela é uma das principais financiadoras da campanha eleitoral de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo em 2022.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada nesta 4ª feira (30.jul.25), Maribel doou R$ 500 mil para a campanha, em duas transferências. O valor equivale à sexta maior doação recebida pelo então candidato, que teve mais de 600 apoiadores financeiros.
A assessoria de Tarcísio afirmou que o governador “não possui qualquer vínculo com a doadora” e que a campanha foi conduzida “com total respeito às leis eleitorais”. O nome de Maribel apareceu nas investigações da Operação Mafiusi, deflagrada pela PF no fim de 2024.
A operação apura envio de cocaína pelo porto de Paranaguá (PR) para a Europa, em parceria entre o PCC e a máfia italiana ’Ndrangheta. Maribel é citada em ao menos quatro transações com Willian Barile Agati, apontado como integrante da facção criminosa.
Barile foi preso em janeiro e denunciado à Justiça Federal no Paraná por tráfico de drogas, associação para o tráfico, obstrução da Justiça e organização criminosa. Entre as negociações investigadas está a venda de um apartamento por R$ 3 milhões, com valor venal de R$ 881 mil.
Outro caso envolve um imóvel de R$ 106 mil declarado como vendido por R$ 250 mil. A PF também identificou transferências entre empresas de Maribel e Barile que somam R$ 3,5 milhões. O relatório aponta indícios de “lavagem de dinheiro clássica, relacionada a imóveis”.
De 2020 a 2022, as quatro empresas ligadas à pecuarista movimentaram mais de R$ 1,4 bilhão, mesmo sem funcionários registrados. Esse dado, segundo a PF, acendeu alerta sobre a origem dos recursos e a possível ligação com o tráfico internacional.
O relatório não cita Tarcísio ou as doações eleitorais, mas destaca o controle financeiro da campanha, feito pelo cunhado do governador, Maurício Pozzobon Martins. Ele chegou a ser indicado para cargo no governo, mas desistiu após críticas por nepotismo.
Outro trecho do inquérito menciona Joselito Golin, marido de Maribel, acusado de atuar com Barile para “esquentar dinheiro dentro da igreja do pastor Valdemiro”, da Igreja Mundial do Poder de Deus. O pastor não se manifestou sobre o caso.
Maribel e Joselito são donos do Grupo Golin, conglomerado pecuário que atua no Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. O grupo ficou conhecido ao comprar as Fazendas Reunidas Boi Gordo pouco antes da falência, que expôs esquema de pirâmide e prejuízos milionários.
As investigações continuam na PF do Paraná, ainda na fase de inquérito. A Justiça analisa denúncia contra Barile e outros suspeitos, enquanto o patrimônio bilionário de Maribel segue sob escrutínio dos investigadores.











